terça-feira, maio 05, 2009

Buddha Eden e o jardim, Óbidos e o Mistério do parque de Ac, , Fátima e a Nova Igreja



Buddha Eden, Óbidos e Fátima: volta de 24h em autocaravana
Véspera de feriado dia 1 de Maio de 2009, sexta-feira. Antevéspera portanto de uma ponte com bom tempo nas previsões meteorológicas, indício bastante de um rush de autocaravanistas nas mais diversas direcções. Motivo para reunião do gabinete estratégico de planeamento de operações, isto é, consorte e o je.


Metermo-nos na confusão não, sair sim. Por 24h apenas já que no feriado há jantar com um dos herdeiros, e depois é dia da mãe…Em conclusão saída aprazada para 5F depois de almoço, de Lisboa.


O destino ficou reduzido a uma pernoita em Fátima (para ver a nova catedral que só se conhecia da fase de construção, e para visitar o Jardim dos budas de Berardo próximo do Bombarral. Entre um sitio e outro, um café em Óbidos. E o apontamento ficou logo no Moleskine de capa preta das notas de viagem. Saída 5f, 30 de Abril.


Assim, depois de um almoço de trabalho no Sofitel (excelente direcção do português António Ferreira) numa mesa com vista para o passeio da Av. Da Liberdade, saboreados o carpaccio de polvo e o risotto de camarão, o indispensável telemóvel permitiu o encontro com a co-piloto, e logo a seguir, via eixo norte-sul, a caminho de Alenquer, para buscar a semovente ao camping.


Buddah Eden, Bombarral


Tudo em ordem, roupa trocada, viatura cambiada, e já passava das 16h, saída direitos pela EN 9 a Torres Vedras, aqui entrada na A8 e depois saída 12, direcção Carvalhal, volta, mais reviravolta e lá chegámos a Quinta dos Loridos e ao lado, a entrada no Buddha Éden. Quem surfar não leia mais! Vá a
www.buddhaeden.com

Trata-se de uma quinta. Cerca de 90 hectares, com vinha e com a mais espantosa colecção de budas e deusas orientais além dos guerreiros chineses de terracota de Xian ou Shian em reprodução colorida, e com cavalos. Tudo em granito, mármore e terracota. Fica um flash oficial do site:


O Buddha Eden Garden é um espaço com cerca de 35 hectares, idealizado e concebido pelo Comendador José Berardo, em resposta à destruição dos Budas Gigantes de Bamyan, naquele que foi, um dos maiores actos de barbárie cultural, apagando da memória obras primas, do período tardio da Arte de Gandhara. Em 2001, profundamente chocado com a atitude do Governo Talibã, que destruiu, intencionalmente, monumentos únicos do Património da Humanidade, o Comendador Berardo deu início, a mais um, dos seus sonhos, a construção deste extenso jardim oriental. Prestando, de certo modo, homenagem aos colossais Budas esculpidos na rocha do vale de Bamyan, no centro do Afeganistão, e que durante séculos foram referências culturais e espirituais. Pretende-se, que o Buddha Eden Garden seja um lugar reconciliação. Sem nenhuma tendência religiosa, abrimos as portas, a todas as pessoas, independentemente, da religião, etnia, nacionalidade, sexo, idade, condição cultural ou social, convidando à união, comunicação e meditação, como forma de redescobrir a felicidade. Ambicionamos, assim, percorrer o caminho contrário à destruição do ser humano e disseminar a cultura da paz. Esta é uma instituição cultural sem fins lucrativos e ao serviço da comunidade nacional e internacional, que tem como missão sensibilizar o visitante para o conhecimento interior, através do seu jardim em diálogo com um vasto património escultórico, vocacionado para a meditação e promoção da interacção social e cultural, conforme os princípios da solidariedade e da dignidade humana. Sendo o Buddha Eden Garden um espaço de livre acesso, solicitamos uma doação, dentro das suas possibilidades, para nos ajudar a manter este sítio de tranquilidade e para, que possamos continuar a facultar entradas gratuitas a todos aqueles, que nos procuram aspirando a paz, força e luz.


Tudo impressiona: a entrada gratuita, a extensão dos jardins que serão finalizados só em 2016, as 2000 estátuas de vários tamanhos, a riqueza dos pormenores, o valor do investimento e o seu impossível retorno financeiro, etc. etc.







Optamos por dar uma volta de comboio turístico (3€ por pessoa). Tirar as fotos possíveis para as partilhar com os leitores da Newsletter e ainda comprar uns vinhos, impulso irresistível pela variedade de qualidade e preços da Quinta da Bacalhoa, magra retribuição pela benesse da visita feita.


A anotar: o estacionamento é amplo e ideal para muitas autocaravanas, mas não há grandes condições de pernoita pois os portões fecham ao pró do sol, o local é isolado e não há ainda apoio de cafetaria ou restaurante. Mas fica a recomendação que todos confirmarão pelas fotos que aqui ficam e pelas do web site acima indicado: vale a pena a visita.


Paragem seguinte, Óbidos.


Sempre bonita e altaneira no seu Castelo. Para além disso havia ainda a curiosidade de saber como estava o parque de estacionamento de autocaravanas. O tal feito à meia volta, autorizado pela CM, simultaneamente, com a proibição de estacionamento das ditas no térreo principal junto ao viaduto. Nos fóruns as descrições eram contraditórias…que estava funcionar, que estava fechado, que agora já era gratuito? Nada como ver e crer como São Tomé.


Chegados, no terreiro nem uma AC. A placa lá estava, indicadora do parque especial para autocaravanas, e à entrada do parking, outra, a proibir a entrada das ditas. Disciplinados, seguimos para o parque das autocaravanas.


Saltou logo ao caminho o guarda que só tinha entretanto uma autocaravana estacionada. Se é só para estacionar que são 2,50 euros, mesmo para ir só beber um café e voltar, se é para pernoita que são 6 euros, se é para utilizar a estação de serviço que são…Ora bem, esportulámos logo ali os 2,5€, colocámos o recibo na janela da semovente, e portas fechadas, e a caminho do Castelo.


Mas antes, voltamos à conversa com o Guardião:
- Meu caro amigo, este parque não foi já gratuito?
- Pois é gratuito, não paga nada entre Setembro e Abril…não, não, entre Outubro e Abril, assim é melhor…
- Mas olhe que hoje é 30 de Abril!
- Pois é, mas amanhã é feriado!
- Ok, mas olhe que aqui nas informações diz que só se paga estacionamento até as 17h, e já passa, já lá vai para as 18h!
-Pois, pois, mas amanhã é feriado!


Enfim, assumiu-se esta sobretaxa pelos cafés que se iriam tomar, mas ficou o mistério do regulamento das taxas ou preços devidos. Ainda para mais, note-se que no regresso já lá não estava o guarda pelo que os 2,50€ nem se justificaram por ser um parque guardado. Ainda se sublinha que esta taxa, ou sobre preço, é discriminatória pois no terreiro principal as viaturas pesadas de mercadorias estacionam livremente e gratuitamente.





Do mesmo modo que há comportamentos condenáveis de autocaravanistas. Também os há de autoridades, aqui da CM, que optou pelo favorecimento de um privado para sangrar uns euritos aos turistas. Será por isso, que além da nossa semovente só lá estava mais um e para pernoita? Fica o reparo.


Em Óbidos, em café simpático lá se resistiu à omnipresente ginginha em taça de chocolate, e ficamo-nos pelo café e um bolo nutriente aceitável. Fez-se o euro milhões para um inatingido jackpot de 90milhões, mais umas fotos aos ângulos sugestivos das ruas e dos panos de muralha, e com uma friagem já descendente à terra, a recuperação do plano de viagem.


Seguimos via Alcobaça para Fátima.


Atravessamos, Caldas, circundamos Alcobaça e cruzamos a Serra dos Candeeiros pelas nacionais. Chegamos a Fátima. Descortinados às segundas tentativas os sinais indicadores de parque de estacionamento, por detrás do santuário, lá chegámos com uma numerosa companhia instalada de autocaravanas, e até de caravanas, com ainda algumas tendas de campismo plantadas nos relvados junto aos muros. Num relance pode-se dizer que havia mais autocaravanas em Fátima do que em Lourdes, quando lá passamos no final do ano (há relato neste blog).
Coordenadas GPS:
N 39º 38´ 1,78´´
W 8º 40´15,58´´


Eram já tantas, pelas 21h. A opção foi jantar num dos inúmeros restaurantes da zona, Caiu a sorte ao Fonte Fria. Normal, mas serviço impecável que no final foi reforçado com a oferta da casa, de dois cálices de licoroso. A conta da vitela assada, as bebidas, e a sobremesa, pelos 25€. De seguida o esmoer a pé pela praça principal do Santuário, com muitos estrangeiros. Assistiu-se pelas 22.30h a procissão das velas com que encerrou a missa das 21.30 na Capelinha das aparições. De seguida a recolha ao T0, uma breve leitura, os comprimidos da ordem, e o sono.

Dia 1 de Maio, acordar o som o sino, com o repenicar dos sinos, e por fim o despertar mesmo para a indumentaria, a higiene e a refeição do pequeno-almoço. Tudo Ok. Fazemos depois a volta até a nova Catedral que parece uma hóstia gigante e oca.

Do ponto de vista paisagístico não choca, pois esta semi-enterrada, simétrica à basílica actual, ocupando o topo da elevação fronteira, as sem cortar demasiado a linha do horizonte, diremos, num conjunto harmonioso. Dentro impressiona positivamente a enormidade do vão sem colunas, sem vitrais, sem capelas laterais, sem imagens de santos, o que deixa uma sensação de não-igreja, (católica) e mais de um anfiteatro de um parlamento profano, maior ainda que o Parlamento Europeu, em Estrasburgo, e sem dos degraus da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque. Sensação estranha, como se alguém tivesse querido passar a mensagem de que se estava no Parlamento do Altar do Mundo.


Por outro lado as doze portas laterais (por cada apóstolo, mas com Judas Tadeu em vez de Judas Iscacriotes) além das portas principais monumentais, o espaço entre o circular e o semi-circular dão ao todo uma configuração de coliseum, que não inspira nem induz espiritualidade nem recolhimento. Alias as multidões presentes com telemóveis não desligados a tocar, e a entabularem conversões do género tou xim, não ajudam a religiosidade pretendida, nem mesmo os flashes das máquinas fotográficas.


A Nova Igreja da Santíssima Trindade, é uma obra de engenharia interessante, arquitectura imponente, 60/70 milhões de euros de custo, capacidade para 9.000 pessoas… a ver vamos se outras funções próprias á natureza do local também venham a sobressair no futuro.





Voltámos à semovente para o regresso a Alenquer, e quando nos acercámos da viatura eis que parece da auto vivenda fronteira, uma Iveco transformada pela Catiana, o amigo Eduardo de Arcos de Valdevez e a mulher! Que satisfação, pois já não nos víamos desde um encontro fortuito em Biarritz na área de autocaravanas de Biarritz frente a praia Milady, onde passámos uma boa noite a cavaquear sobre viagens…Estavam de regresso dos Algarves!


Oportunidade para mais umas dicas, e trocas de impressões sobre uma avaria de centralina em Carcassone da Iveco. E ala que se faz tarde. A ideia era mesmo ir almoçar a zona de Cascais, mas já na viatura à civil. Por isso rumo a Alenquer sem histórias, troca por reposição da autocaravana, e na rua Ary dos Santos, no alto da Parede, Madorna, nos Sabores da Índia no Khnajuraho o manjar do feriado: camarão Makni (doce) e o camarão Vindaloo (picante) mais a bebinca e as bebidas, e lá se foram com gratificação os 35 euritos para dois. Note-se que se fosse ao jantar de sábado com o espectáculo da dança do ventre, o preço seria o mesmo.


E é tudo. Para o próximo fim-de-semana o rumo já esta pré definido. A Grândola, às Minas do Lousal, ao III Encontro do CAB, ao jantar alentejano com os ditos cantares….

Sem comentários: