Como identificar este Raid?
Em título pelos locais de refeição, mas em texto, neste abstract, talvez pelos locais de paragem? e assim teremos: Alenquer, Abrantes, Castelo Novo, Valhelhas, Pousada das Penhas Douradas, Seia, Cavadinha no Lorvão ao Mondego, Conímbriga, Pedrogão, Praia de Vieira de Leiria, Salinas de Rio Maior e Alenquer.
Quando se inicia uma viagem de autocaravana, como esta, assim de repente, nem se sabe bem qual é a primeira etapa, e muito menos a última. Será esse um dos encantos e seduções do aurocaravanismo a puxar pela nossa costela ancestral de nomadismo.
Imagine-se um sábado, o primeiro de Agosto. As praias dos arredores de Lisboa cheias de agostinhos (os que fazem férias em Agosto), e os caminhos de arredores cheios de famílias enlatadas a rodarem a velocidades vertiginosas no pára-arranca. Claro que o sentimento de claustrofobia invade o autocaravanista e a sua metade. E assim pela meia manhã, restabelece-se o consórcio viajante:
E que tal dar uma volta de autocaravana?
Nem interessa para onde, é já.
Tempo apenas de uns telefonemas à prole, um adeus telemovido à família próxima, e rota de casa ate Alenquer buscar a semovente, ao Camping www.dosdin.pt/camping com um saco de viagem com alguma roupa, algum pão, fruta e aguas, que pelo caminho da A5 e da CRIL e A10 logo se veria que destinos seriam plausíveis.
Fonte de inspiração são as mensagens dos fóruns do CPA e do CCP, respectivamente visíveis em www.cpa-autocaravanas.com e em www.campingcarportugal.com para estes circuitos nacionais, e obviamente que para o estrangeiro os fóruns principalmente franceses, dão ajudas preciosas. Pois foi assim que surgiu a memoria Abrantes...e Valhelhas...e depois mais se veria.
Só ficamos ao volante e a rodar a semovente, a perfilada Knaus 700UFB, quase pelas 12.30h. Então a solução estava à vista. Seguir pela auto-estrada A1, ate a serra dos Candeeiros, e depois já com a dita gratuita, rumo a Abrantes. Chegamos lá uma hora depois, com saída por Abrantes Norte e depois rumo a Aquapolis, primeiro margem esquerda, depois meia volta e entrada na Aquapolis margem direita. Ver mais em:
http://www.cm-abrantes.pt/pt/conteudos/obras/aquapolis/
Um pouco faraónico tanta Aquapolis. Bastava ter-se arranjado a margem direita, a ilharga da Cidade. De facto até esta estava quase deserta, deserto o estacionamento, deserta ou quase a imensa praia fluvial, deserto quase também o Restaurante.
Éramos os únicos na esplanada com excelente vista, sol Q.B. Excelente para almoçar com um atendimento correcto. E com preços decentes e pratos de qualidade, por exemplo o pratinho de salada de polvo a 5 euros. E mais não digo. Almoçamos por menos de uma nota azul, e uma cinzentinha, o casal.
O enquadramento do local vale a vista. Os senãos também existem...por exemplo, e para alem do que parece excessivo investimento, mais de 100.000 euros, no estacionamento reservado às autocaravanas estava parada, impante, uma carrinha da Sta. Casa de Misericórdia de...Abrantes. Local aliás frente à Discoteca. E ao lado fica a área de serviço de despejos de autocaravanas, bem pensado, deve ter repensado o arquitecto, ou engenheiro deste projecto. E tudo podia ter sido feito melhor logo ali ao lado…à entrada do parque, para vantagem de todos! Podia continuar este sistema a ser gratuito, ou ate ter uns parquímetros para receita da CM, obviamente com ligeiros e autocaravanas a contribuírem...
Nota: já depois de escrita esta crónica, a situaçao apontada foi corrigida com elucida o companheiro Jose Vieira nestes termos: Quanto a Abrantes, companheiro Decarvalho, já tem uma zona de pernoita perfeitamente delimitada e sinalizada no Aquapolis, logo no inicio do lado esquerdo, quando chega. Fica afastada da discoteca o que permitirá noites tranquilas.Como informação complementar a discoteca só funciona nas noites de 6ªfeira e sábado.
A Área de Serviço, vai manter-se no mesmo sitio, pois a sua deslocalização seria bastante onerosa.Não me canso de informar que Abrantes disponibiliza também uma excelente àrea de pernoita junto ao Parque Urbano, com restaurante esplanada a cerca de 100 m, e uma zona para para fazer uns belíssimos passeios.(....)Para os possiveis interessados N 39 28 27 W 08 12 56.
Foram feitas as fotos a documentar a paragem. Newsletter oblige...e depois de restabelecer os níveis de gasóleo, em 60 litros na GALP, claro com o desconto de 5 cêntimos do talão Continente, seguiu-se pela auto-estrada gratuita lá rumamos a nordeste. Paragem em Castelo Novo, com a seta a desafiar passeantes passantes. Das outras vezes, a caminho da estranja pela saída de Vilar Formoso a placa indicativa já chamara a minha atenção, mas sempre de rota batida para alcançar terras de França, ficara adiada a satisfação da curiosidade.
Foram feitas as fotos a documentar a paragem. Newsletter oblige...e depois de restabelecer os níveis de gasóleo, em 60 litros na GALP, claro com o desconto de 5 cêntimos do talão Continente, seguiu-se pela auto-estrada gratuita lá rumamos a nordeste. Paragem em Castelo Novo, com a seta a desafiar passeantes passantes. Das outras vezes, a caminho da estranja pela saída de Vilar Formoso a placa indicativa já chamara a minha atenção, mas sempre de rota batida para alcançar terras de França, ficara adiada a satisfação da curiosidade.
Foi desta. Autocaravana por via estreita ate ao sopé do pico da elevação depois de passar uma ponte estreita com uma praia fluvial apinhada. Estacionamento prudente no Largo do Chafariz datado e brasonado do século dezoito. E depois a pé, ate a igreja, pelas ruelas medievas, ate ao outro fontanário, ao castelo, e depois descendo o regresso, afobado e a bufar pelo calor. Mas ficam as fotos. Regresso a autocaravana, retoma da auto-estrada, e depois saída errada antes de Belmonte. Mas sem crise, sem desculpar a falta de GPS que ficou engavetado na mesa-de-cabeceira, na pressa da saída de rompante de casa.
Lá nos aproximamos de Valhelhas, outra grata sugestão dos fóruns. A ideia era a praia fluvial para afogar os calores, mas entrados na Vila, uma rampa íngreme, à esquerda, para o Rio desaconselhou a aventura. Isto de a semovente ter 7 metros...faz-nos prudentes! Pois seguiu-se caminho, e a seguir, indicação de parque de campismo também com boas referências dos fóruns. Não há que hesitar, às malvas os fundamentalistas de autocaravana que acham anti natura usar campings. Pena que não achem também em coerência, contra natura usarem restaurantes, já que as autocaravanas também têm cozinha....
O Camping é da Junta de Freguesia de Valhelhas. O preço...de 8 euros por autocaravana com duas pessoas e sem electricidade é claramente politico, como é o do estacionamento da praia fluvial inaugurada pelo antigo Secretario de Estado da Agricultura Álvaro Amaro, há cerca de 12 anos atrás...resta saber o que suportou o Orçamento de Estado, a Comunidade Europeia e quiçá, a Câmara Municipal....O certo é que está a obra feita e de utilidade para muita gente. Como reconhecem os estrangeiros. Ora confirme-se:
http://erada.e-monsite.com/rubrique,rubrique,1023974.html
Ver também de outro companheiro autocravanista e cineasta o video:
O Parque de Campismo tem comunicação interna e directa para a praia fluvial. Fomos ao banho. Excelente. Aliás, os arranjos da piscina fluvial merecem aplauso, areia da praia nas margens, fundos de calhau rolado, escadaria em rampa, e plataforma de madeira, confortáveis, e zona de açude a separar águas para os mais pequenos chapinharem, e para os adultos esbracejarem. Torre de nadadores salvadores, ambulância de bombeiros a coca, e bar de apoio de venda de gelados, cervejas, águas....Tudo OK.
Depois de duas sessões de banho, regresso à semovente debaixo de boas sombras, depois de banho de chuveiro de água quente nos balneários do Camping. Muda de roupa, uma bebida na esplanada do café bar do Camping a ouvir franciu, de muitos imigrantes e amigos que estagiam no parque. E depois, pouco antes das 20h a caminho da janta. Primeiro a pesquisa na portaria do Camping, com tanta sorte que quem fala já foi cozinheira no Restaurante que recomenda. O Vallecula, ao cimo da tal rampa, do lado direito, uma casa toda em pedra. Lá fomos ao nome antigo e romano da Vila que custa a pronunciar. Mas o jantar não custou a engolir. Fomos os primeiros. Muitos chegaram depois, porque a fama vem de longe:
http://www.valhelhas.net/OndeComer.htm
Ninguém na sala. Mas apareceu depois o maître, e one show man. Um filho da terra, cujas maneiras e ademanes lhe foram eficientemente ensinados pela mulher, a rainha da cozinha, que nascida em Viana do Castelo, emigrou em França, e depois de 20 anos a aprender pantagruélicas receitas, com mão de mestre, estabelece-se, e casa em Valhelhas. A lista tem os pratos de região, que nos coube escolher sem medo: costeletinhas de borrego (excepcionais) e presas de porco (imperdíveis) mais as azeitonas bem temperadas, a broa e o pão, o requeijão de entrada, o meio decanter de vinho do produtor...e duas notas azuis a sair da carteira, pelo casal. Merecidamente. Nem espaço ficou para a sobremesa.
Regresso a pé ao Camping para digestão, e depois sem receios de falta de segurança de quem dorme na estrada, janelas abertas para dissipar o calor, e o sono dos justos. A noite serena deu para localizar o pio de uma coruja, ou mocho, e mais de manhãzinha outra passarada indiscriminada ia servindo de despertador intermitente.
Levantar lá pelas 8.30. Banho, pequeno-almoço tradicional na semovente de torradas com manteiga, e café com leite, sem esquecer os comprimidos diabéticos, e depois com calma lá pelas 9.30 vamos à estrada a poupar gasóleo na velocidade.
O Caminho levou-nos adentro do parque natural da Serra da Estrela, direitos a Manteigas, depois subimos à Pousada e daí a foto do vale do Zêzere. Depois lentos para Seia, e antes de chegar, a direita, de supetão, a indicação do fim do objectivo: O Museu do Pão. Lá fomos e paramos no Parque dois, que tem duas plataformas, qualquer delas com espaço para estacionar, e porque não, pernoitar em autocaravana.
Como bons turistas reformados compramos os bilhetes a preço reduzido (criança a 1,50€) e completamos o circuito das 4 salas. Excelente, este património inaugurado em 2002. Ver tudo em www.museudopao.pt. Claro que bebemos café, e comemos um bolo sentados na esplanada, da bem decorada e orientada esplanada da sala de leitura, e evidentemente que não nos viemos embora sem comprar na mercearia, pão feito no local, todos os dias...em o especial de mistura.
Passo seguinte?
Pois decidir do almoço. Onde?
Tomamos a estrada da Beira e depois a IP, depois de Penacova, mas em cima do Mondego, no Cortiço, na EN 110, em Cavadinha, Lorvão, depois de passar sem poder parar, ao cimo de praias fluviais. Prato de escolha, esgotado o leitão, dose e meia de cabrito com arroz de miúdos. Os dois com vinho da casa, por uma nota azul e uma cinzentinha. Qualidade de aprovar e relação com o preço excelente. No estacionamento do restaurante duas autocaravanas francesas faziam companhia a nossa semovente.
Seguiu-se a etapa seguinte. Direcção Coimbra, e depois na para nós, nova ponte Sta Isabel cruzada e a caminho de Condeixa, para chegar a Conímbriga a tempo de ver o que de uma outra vez anterior não fora possível pela chegada tardia. Estacionamento excelente, que dá para pernoitar, comprados dois bilhetes de velhinhos (2€) e com chapéu a Dr. Jones, lá se percorreu tudo ou quase tudo, debaixo de um Sol quase igual ao de Castelo Novo da véspera. Vale a pena ir revisitando o museu, e actualizando a informação visual sobre as escavações e sobre as reconstituições de mármore branco.
Mas palavras para quê? Quando há fotos, quando há o site web www.conimbriga.pt além de inúmeros livros e ilustrações...
E depois? Ainda havia tempo para autocaravanear mais um pouco. Optou-se então por Pedrógão, onde o parque de campismo local, e municipal, tem uma área de autocaravanas certificada pelo CPA, Clube Português de Autocaravanas, pelo preço de pernoita de 6 euros....claro também super subsidiado...mas as meninas da recepção estavam com insolação não diziam coisa com coisa, nem sabiam se havia lugar e assim ao fim de 15 minutos de espera exasperante, meia volta e rumo à praia de Vieira de Leiria. Para um stop refrescante, sem muita gente, na enseada, e ao lado de mais autocaravanas espanholas francesas e portuguesas, quem sabe se também para pernoitas livres.
Descanso feito, tarde avançada e para prémio à consorte, escolha de jantar. Onde? Nas salinas de Rio Maior...Lá chegamos ao lusco-fusco ainda a tempo de ver os marnotos a alisarem o sal em pilhas piramidais. É um espectáculo que se recomenda. O jantar foi o possível, dada a única botica aberta ao domingo. Por uma nota azul, vinho branco à pressão, franguinho e febras sem cotação. Atendimento simpático.
Estávamos no fim do périplo. Mais uns quantos kilómetros e entravamos em Alenquer, e depois no Camping, pelas 22.30h. Um copo no Bar do Além, e depois o sono dos justos. Dos autocaravanistas que não temem nem dormir em parques de campismo, nem fora deles, nem comer em restaurantes, nem cozinhar na autocaravana. Mas que não dispensam Viajar em Liberdade.
Em resumo, e pelo preferido e infalível método do olhómetro foram:
Cerca de 650 Km
Cerca de 65 litros de combustível
4 Refeições em restaurante
Uma despesa diária de 115 euros
(rien que du bonheur, diria um francês)
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