terça-feira, janeiro 22, 2008

Como se sentem os autocaravanistas? Depoimento...



Com a devida vénia,
inlcuimos aqui uma reportagem do jornal regional de Abrantes,( http://www.jornalregional.com/))com entrevista a um casal de autocaravanistas, e ainda fotos do autocaravanista PIRIX, relativa à concentraçao do CPA naquela Cidade

Surpreendemos Ernesto e Virgínia Rebelo no 35º encontro de autocarvanas, na cidade de Abrantes. Conduziram a sua casa móvel em direcção à cidade florida, desde Estarreja. O estacionamento apertado faz corredores estreitos. Entre as auto-caravanas, espreitam raios de sol causados pelo final do dia. Entro a convite para conhecer o seu espaço. No interior, recordações de lugares por onde já deixaram um pouco de si e levaram muito mais. Sobre a mesa, um arranjo floral que faz peso sob um naperon branco.
Ernesto Rebelo, de frente para o seu computador portátil, enfrenta as novas tecnologias. A sua autocaravana, uma segunda casa mas sobre rodas, cativou-os sobretudo pela possibilidade de se movimentarem livremente. “Se quisermos estar no campo, na serra ou na praia estamos. È a grande diferença para um apartamento. Não temos de estar dependentes de nada. Somos nós que fazemos os nossos horários. Temos o nosso apartamento onde queremos”, conta o Oficial do Exército, na reserva, Ernesto Rebelo.

As principais razões a optar por este estilo de vida e de desporto é a possibilidade de se movimentarem sem terem de “passar 12 horas a limpar um apartamento” e estacionar onde querem, diz Ernesto fechando o seu computador portátil. Virgínia Rebelo, de menos palavras, orienta a maior parte das tarefas, desde os objectos indispensáveis aos mantimentos. “Trago sempre tudo, o telemóvel a televisão...”, enumera a autocaravanista. A manutenção, essa fica a cargo de Ernesto que diz nunca se esquecer do depósito sempre atestado com água, dos artigos de higiene, da máquina de barbear, dos pijamas e do gás.

Vizinhos quase sempre novos. Pelo caminho trocam-se mais do que estórias. São experiências de vida que sempre se cruzam em cada encontro de autocaravanistas. Com vizinhos “sempre a mudar”, o casal proveniente de Estarreja não se deixa intimidar com novas situações. Os vizinhos também acabam por não ser sempre novos. “Ainda hoje encontrámos aqui um casal amigo. Acabamos por emprestar alguns utensílios de que se esqueceram. É sempre numa base de camaradagem. Acabamos por nos cruzar por aí. Em Espanha, por exemplo, chegámos a encontrar pessoas conhecidas num supermercado”, revela-nos Ernesto. Consideram todos os autocaravanistas “pessoas de bem” e não hesitam em ajudar qualquer companheiro, palavra que designa os praticantes deste desporto, que se encontre à beira da estrada. “Se encontramos companheiros em dificuldades, nós ajudamos sempre. Paramos, socorremo-los... porque sabemos que estão ali pessoas da nossa confiança, pessoas de bem.

Quem pratica esta actividade quer mesmo é desfrutar a vida”, conta-nos confiante, Ernesto Rebelo.Se as diferentes nacionalidades fossem um problema, então nenhum autocaravanista sairia do seu país. “Uma vez, no Furadouro, em Ovar, se bem me recordo, encontrámos lá um casal francês. Ao iníco começámos a falar em inglês mas eles só arranhavam um bocadinho (risos). Trocámos duas ou três palavras em português mas lá nos fomos entendendo. Depois fui buscar uma garrafinha de vinho e ao fim já falávamos um xarolês que ambos entendíamos. Sempre de forma consciente, claro”, remata Ernesto. Importante, considera o casal Rebelo, é a passagem para as novas gerações o gosto pela aventura. O seu filho, Ernesto, homónimo, internacionalizou a sua caravana e não fica à espera de novas aventuras. O pai incentiva- o dizendo-lhe que “é um desporto como qualquer outro, sem mal nenhum.” As despesas “são menores do que se estivéssemos alojados num hotel”, garante a senhora Rebelo.

Acrescenta que se gasta, principalmente, no gasóleo, na comida, no seguro e no imposto de circulação. Pela simpatia de Virginia, não se resiste a perguntar se também conduz o veículo. Responde destemidamente que “esta autocaravana ainda não, mas a antiga que tivemos, antes de trocar, já”. Mostra-se aventureira. Ernesto Rebelo, pratica campismo desde pequeno e daí lhe advém o gosto por estas casas com rodas. Virgínia, agora de braços cruzados encostada ao balcão, ouve atentamente a entrevista que proponho ao seu esposo. A vida dá voltas que não controlamos mas por onde podemos sempre optar.
A escolha do casal, por esta modalidade e estilo de vida, mudou-lhes a vida.

Tudo era diferente antes de ter a minha autocaravana. Antigamente, durante a semana trabalhávamos e aos fins-de-semana fazíamos o chamado passeio dos tristes: ir ate à praia, estar a ler o jornal e voltarmos para casa. Agora não. Desde que comprámos a nossa autocarvana, à sexta, a minha esposa tem tudo preparado para arrancarmos. Há coisas para conhecer que ninguém faz idéia. As pessoas agora metem-se muito nos centros comerciais. Nós, autocaravanistas, não resistimos em ir ao mercado da terra para ver a fruta, os frescos e a carne. Muitas das vezes, encontramos verdadeiras surpresas positivas.”, conta Ernesto, entusiasmado. Por Abrantes, também as surpresas se protagonizaram.

Depois do casal Rebelo ter dado um passeio pela cidade, decidiram aventurar-se nas compras: “aqui em Abrantes encontrámos uma carne maravilhosa. É pena que de tarde esteja fechado e não podemos ir comprar mais ao talho. Estes produtos caseiros valem sempre a pena”.Estórias que se contamPassaríamos horas a escutar a quantidade de estórias que o casal Rebelo teria para nos contar. Das mais engraçadas: “nas primeira saídas, fomos a Tomar e a zona de autocaravanismo estava em obras. Todo o parque se encontrava tapado. Fomos dando a volta e a certa altura vimo-nos apertados num espaço por onde milimetricamente tentámos passar. Comecei a suar por todo o lado. Valeu-nos a ajuda de um companheiro, que seguia num carro particular, a ajuda para sairmos daquele impasse. Como se não bastasse o susto, nessa noite, estacionámos na melhor zona que pudemos encontrar para dormir: em frente às urgências. Mesmo ao lado das ambulâncias e carros de serviço. Eram sirenes e pirilampos, que só eram desligados a uns 800 metros dali....Mas pronto, não é por causa de situações destas que o gosto pelo autocaravansimo se perde.”, remata mostrando- se convencido. Não há nada melhor que a nosso espaço.

O casal sente-se satisfeito pela nova autocaravana que compraram, e aconselham-na a outros companheiros pela boa qualidade de acabamentos e relação qualidade/preço.Para principiantesPara os que começam agora nestas andanças, Ernesto e Virgínia aconselham que se tenha muito respeito por quem está próximo de nós e que peçam sempre ajuda a outros autocaravanistas experientes. Primeiro “porque ser autocaravanista não é só comprar uma autocaravana. Aconselharíamos, que quando comprasse, fosse acompanhado de alguém experiente. Depois, pode começar a adquirir os utensílios mínimos.

Há sempre coisas que se têm de saber, como a utilização de produtos biodegradáveis e o respeito pelos valores da natureza. O segundo ponto a ter em conta é quando estamos a incomodar alguém nos afastemos e respeitemos os nossos companheiros”, conclui Ernesto. Seguem-se momentos de conversa. Por entre uma e outra palavra, caminhávamos para o fim do dia. Entusiasmados, Virgínia e Ernesto terminam a fluente conversa. Outros dias, por outras terras, encontraremos casais que partilham o mesmo gosto e alegria por ser autocaravanista. Há quem lhe chame síndrome do caracol, não pela lentidão, mas pela casa que transportam para todo o lado. Acima de tudo prezam o respeito e o convívio.

Num caderno avermelhado apontam cada saída que fazem, com a sua casa sobre rodas. Registam cada terra e cada despesa. Orgulham-se em o mostrar a quem quer que seja. Mantêm uma qualidade de vida que dizem ser superior a outros. Fazem-no porque gostam de viajar e se divertir. Fazem-no por se considerarem aventureiros e livres.

1 comentário:

Anónimo disse...

TEXTO

Jornal Primeira Linha, Abrantes

Reportagem de Liliano Pucarinho