A propósito de autocaravanismo, falam os comerciantes (também)
A empresa Têdêcar surgiu em 1993, fruto de uma necessidade de mercado e pela paixão que os sócios, dois casais, tinham pelo Turismo Natureza. “Todos tínhamos uma profissão algo extenuante e utilizávamos esta forma de férias para descontrair. Quando verificamos que a venda de autocaravanas era, em termos comerciais, um negócio com futuro, decidimos avançar para a Têdêcar”.
Amândio Neves, gerente da empresa, contextualizou o aparecimento da empresa, bem como a situação que norteia todo o mundo que envolve a autocaravana. “Como já éramos utilizadores usuais deste género de equipamentos, sentimo-nos à vontade para dar o salto para a actividade comercial”.Por filosofia pessoal, partiram do pressuposto que tudo nasce pequeno e foi com esta forma de encarar a vida que os sócios apostaram no negócio.
“Quando nascemos, andamos ao colo e só depois vamos evoluindo para a fase adulta. Dessa forma, encaramos esta empresa como um bebé que foi crescendo ao longo dos tempos. Não tínhamos a pretensão de criar uma empresa muito grande, mas o percurso foi sendo corrido e hoje estamos numa fase adulta que já nos permite ter alguma margem de manobra”. Foi também desde o início da empresa que foi definido o público-alvo e as estratégias que deviam ser seguidas para atingir a idade madura que hoje a Têdêcar possui.
“Além disso, Portugal foi evoluindo. Inicialmente, as pessoas gostavam de passar férias em tendas e evoluíram para as caravanas. Hoje, já estão mais despertas para esta realidade que é o autocaravanismo”. Ao longo destes anos, tendo aparecido mercado, também surgiu mais oferta ao nível de estabelecimentos que comercializam autocaravanas. “Cada empresa tem a sua identidade própria, assim como cada produto.
No nosso caso, tentamos localizar-nos numa gama de mercado média e, neste momento, poderemos dizer que temos os produtos com a melhor qualidade/preço”. Apesar de terem a consciência “e nem pretendermos” ter o melhor produto do mundo, há a certeza que têm gamas excelentes e “localizamo-nos num mercado bastante competitivo, mas em que nos destacamos pela positiva”. Prova da qualidade de produtos e serviços, é o facto de a Têdêcar ter vindo a atingir cotas de mercado que oscilam entre os 15 e os 20 por cento.
“Isto garante que a nossa actuação tem sido a mais correcta possível e os únicos beneficiados são, de facto, os clientes”. Numa altura em que o stress e o trabalho apertam, os portugueses afastam-se cada vez mais dos locais apinhados de pessoas e do turismo de massa. “Hoje em dia, lidamos com conceitos de vida novos e hoje dá-se cada vez mais importância ao contacto com a natureza e, de certo modo, consegue-se conciliar a viagem de férias típica, com as férias de autocaravanismo”.
Com este novo conceito de férias, as pessoas estão à vontade para definir as áreas que querem conhecer e aproveitar, sem terem que estar limitados a pacotes turísticos. E, segundo o nosso interlocutor, quem mais procura este género de equipamentos são as pessoas com idades compreendidas entre os 35 e os 50.
O facto de muitas empresas de rent a car alugarem autocaravanas faz com que este fenómeno seja cada vez mais divulgado e “quando se experimenta uma vez, nunca mais se consegue deixar de fazer autocaravanismo. E, depois de feitas as contas, fica muito mais em conta adquirir uma autocaravana do que alugar uma, mesmo que seja uma vez por ano”. A autocaravana é escolhida pelo cliente através de um catálogo e chegam até à Têdêcar de forma quase virgem. Depois, os clientes escolhem os componentes que consideram importantes ter na sua autocaravana e esses são instalados. “Temos bastantes alternativas, mas as mais requisitadas são as parabólicas, os reservatórios de água, o aquecimento e depois há todos os outros componentes que fazem parte do conforto da nossa própria casa e que as pessoas querem transferir para a autocaravana, como o forno, o micro-ondas e outros pormenores”.
Uma das diferenças da Têdêcar face à concorrência é o serviço pós-venda. “De facto, hoje em dia, este é um serviço extremamente importante. Mais do que vender, é necessário acompanhar o cliente e alerta-lo para certas questões, nomeadamente no que diz respeito ao peso da autocaravana. Como ligeiro que é, a autocaravana não pode ultrapassar os 3500 quilos, mas rapidamente esse marcador será ultrapassado, bastando para tal colocar mais componentes dos que seriam necessários. Ao alertarmos as pessoas para tal e ao fazermos um acompanhamento periódico aos nossos clientes, só demonstramos que não nos preocupa apenas vender, mas sim prestar um serviço de qualidade voltado para os interesses do cliente”.
No que concerne a legislação relacionada com o autocaravanismo, Portugal tem vivido anos de total abandono. Quando se fala em veículos propriamente ditos, rege a legislação relacionada com os mesmos. No entanto, e o que mais preocupa neste momento, é a falta de legislação relativa ao estacionamento das autocaravanas e à segurança. “Estes equipamentos transportam, no mínimo, duas botijas de gás. Ora, em relação a segurança, urge regulamentar este sector. Também é necessário regulamentar a capacidade das autocaravanas”.
A limitação ao estacionamento é feita quase de uma forma obscura. Uma vez que não existe legislação, cada um aproveita as lacunas da forma que melhor lhe convier. “Algumas câmaras municipais utilizam sinais inventados em que se pode ler que o estacionamento é proibido a autocaravanas. E quando digo inventar, é mesmo no sentido lato da palavra já que esse sinal não existe legalmente. Há muito ainda quem considera autocaravanismo como uma espécie de ciganagem”.
Apesar de criticar algumas autarquias por realizarem uma perseguição aos autocaravanistas, Amândio Neves considera extremamente importa que se regulamente, mas “regulamentar é organizar. Criar sim zonas de estacionamento proibido a autocaravanas, mas criar locais onde se possa faze-lo”. No entanto, nem todas as críticas são negativas: “Existem algumas autarquias que já consideram o autocaravanismo como uma mais-valia porque de facto nós também trazemos riqueza para os concelhos que visitamos”. A Têdêcar nasceu no centro do país, mas fruto do seu crescimento foi-se expandido para outros locais. Desta forma, o centro operacional encontra-se na Guia, Pombal, a sede legal em Lisboa, um espaço próprio no Porto, em Vila Nova de Gaia, e em Faro, onde possuem uma parceira com um agente local. Relativamente ao futuro, Amândio Neves considera o amadurecimento da empresa o passo mais importante. Além disso, avançarão na próxima feira, em Novembro, com uma linha de autocaravanas nova, de uma gama mais alta.
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