sábado, março 24, 2012

Saida com a neta Inês (Inesita and Me) ao Alambre e a Pedrógão do Alentejo

Mesa de pic-nic dos autocaravanistas do Alenquer Camping


Primeira saída de autocaravana com a Inês Neta…Inesita and Me…
9-11 de Março 2012.

Em rigor não foi a primeira viagem de semovente com a Inesita. A anterior tinha sido também com o meu filho João e com a She and Me a Aljubarrota, para uma reunião do CAB- Círculo de Autocaravanistas da Blogo esfera que se mantém activo como se poderá confirmar em http://www.cab-circulo.blogspot.com/  


Mas esta saída a 9 de Março de 2012, 6F teve o maior relevo, pois foi a primeira após o espirito de She nos ter deixado no dia 1 de Março, vencido corpo por um maligno cancro, que a todos nos derrotou também. Em conselho de família ponderou-se que importava tentar facilitar a integração daneta amis nova, Inesita (5 anos) na nova situação, evitando um fim-de-semana em que a casa de família estava desoladoramente vazia da presença da sua avó Vera.


(Parque do Alambre)


Assim foi então acordado: sairmos 4…Avô ao volante, Inês neta na cadeira própria e alem do pai da miúda a irmã deste a Tia Joana da Inesita. Sexta- feira partimos da AC do Estoril, ao fim de tarde, já depois das 18h, que entretanto foi levantada do Alenquer Camping, e partimos rumo ao Sul.

Quem viaja com crianças tem quase sempre a preocupação de não fazer etapas muito longas nem demasiado tempo depois de anoitecer. Assim, foi logo acordado não ultrapassar em muito o por do sol o que significou optar pelo Parque do Alambre, explorado pela YMCA/ACM, quer para jantar, quer para pernoita, em pleno Parque Natural da Arrábida.
(Tia Joana na cama da mesa, e Inesita na cama dos bancos da frente)




A rota nada teve de especial…A5, ponte sobre o Tejo, AE e depois saída em Setúbal. Chegados ao local (já referenciado em outras crónicas este blogue), foi escolher livremente pois éramos a única AC, um posicionamento frontal aos sanitários do parque e caminhar para o restaurante.

Mais duas mesas estavam ocupadas e sem ter de esperar fomos aos que interessava…bitoque com ovo estrelado, arroz e batata frita que a Inesita devorou, um pica-pau de molho a pedir pão, bem condimentado e abundante para o João e para o autor destas linhas, enquanto a Joana atacou as amêijoas com proveito, e um jarrinho de branco. A rematar, o descafeinado, a mousse da jovem companhia… tudo por junto, cerca d e 17,50€

Noite estrelada com céu limpo, abluções nocturnas nos sanitários e dormida de seguida com cobertores suficientes a prever noite fresca. Cmas feitas sobre a mesa rebatida, e tudo em paz e tranquilidade como se desejara.
(Portinho da Arrábida)


A noite decorreu sem história, e sábado de manhã, o sol irrompeu luminoso para um despertar simpático e energético, à mesa recuperada da versão de cama nocturna…Fomo-nos ao trivial, mas a miúda ao iogurte com morangos, mais pão, mais queijo, mais leite achocolatado… para depois espairecer pelo bosque contíguo aos bungalows do parque do Alambre apanhar pinhas…

Palas 9 e pouco despedimo-nos do guarda (Sr. Albino) e lá seguimos pelo caminho da Serra e do convento por cima do Portinho da Arrábida, fabrica de cimento, vistas de Tróia, ate Setúbal, com a criança interessada pela novidade das paisagens e das vistas diversificadas. Apanhámos parte da AE, mas com saída para a nacional em Venda Nova, para seguidamente atravessar Montemor-o-Novo, devagar, sem pressas, contornando Évora, e depois ate à Vidigueira…explicando pelo caminho o que eram muralhas… oliveiras, vinha, ovelhas, cabras, etc. que parecia ser a primeira vez estarem a ser avistadas tão de perto pela Inesita.

Uma paragem técnica na Vidigueira permitiu comprar pão e bolachas, e sem demoras em breve estávamos, mais uma vez sós, no Alqueva Camping-Car Park em Pedrógão, e com a chave do autocaravanista, foi só abrir o cadeado do porão de entrada, e estacionar com vista para a albufeira do Guadiana formada pela Barragem de Pedrógão.
( Ao fundo o Guadiana e em primeiro plano o barbecue)


O almoço foi numa das duas mesas de pedra debaixo de um Chaparro de onde também se avista o Guadiana…temperatura amena, céu limpo, sol brilhante, apetite devorador…. Depois, aberto o toldo (sim, é possível e legal faze-lo num parque de autocaravanas) colocada no exterior cadeiras e mesa (sim, também é legal e permitido) criou-se um espaço sombreado para os desenhos da Inesita.




Tarde repousante e calma…na apanha de lírios do campo, ecolocaçao nuamjarra improvisada no banco de She and Me, na passeata até à rede do vizinho para ver as ovelhas de perto, cães, pastores e os cavalos, ate mesmo um passeio ate ao Rio e à ponte… Mas tarde e antes de entardecer uma deslocação de AC ate Pedrógão… a consulta de mails, a leitura de jornais, revistas e das páginas de um livro, e descanso físico e mental. Ainda a propósito o acompanhamento das obras em curso de nivelamento do terreno em curso, contíguo ao Parque onde se vai inserir a Ciclo via em memória de She, a Avó Vera

(Flores do campo para She)

Jantar na Semovente, após o sol-posto, e com entretenimento garantido de douradinhos para a miúda, mais massa mais arroz, e para os adultos carne assada, tomate, macedónia de legumes, sumos, pão, uvas, café…um banquete variado, e aquecido no barbecue do parque, com as suas chamas de fogo a dar um toque mágico à noite. Depois entretenimento adicional com pinturas nos livros de desenhos da Inês, e passeio a pé, já noite, sob um céu estreladíssimo, mas de lanterna em riste para se fechar novamente com a chave do autocaravanista os portões a cadeado, para evitar incomodar o guarda (Sr. Miguel tel. 934 722 436).

Noite serena e descansativa como a anterior a proporcionar um repouso pacífico, tendo só muito ao longe latidos de cães, cantares de galo e repicar do sino da Igreja de Pedrógão.

Domingo 11 de Março, a surpresa do denso nevoeiro ao acordar a tapar toda a linha do horizonte e a cobrir completamente o nascer do sol e o leito da albufeira do Guadiana. Tempo fresco. Deste modo não se justificava mais detença depois do pequeno-almoço. Desfazer camas, arrumar sacos de viagem, mata-bicho para todos, lavar louça, higiene, arrumar cadeiras e mesa exterior, e baixar o travão demão. Outra vez a chave do autocaravanista serviu para abrir e voltar a fechar o cadeado do portão…e rumo ao Alqueva…

Inês já ficar  com uma ideia da barragem de Pedrógão…mas depois de ver a Barragem do Alqueva (seguimos de Pedrógão para Marmelar e daqui para o Alqueva). O dia entretanto estava límpido e o sol reinava no azul celeste sem sombra de nuvens! A Inês ficou impressionada com a altura do muro da barragem e da imensidão de água…a lembrar o Mar.

Sorte tivemos todos, pois como factor de entretenimento (utilíssimo quando se viaja com miúdos) da margem esquerda da barragem estava prestes a partir um grande grupo de pescadores desportivos nos seus outboards para um campeonato de pesca … Lá aguardámos pelas 10h, e assistiu-se assim ao sinal de partida a conta gotas dos barcos dos participantes, nume espectáculo inédito de cor, movimento, e ruídos que para a Inesita constituíram também um primeira experiência!
(Marina da Amieira)


Do Alqueva foi um pequeno salto para a Marina da Amieira. O Sol continuava radiante e para a Inês neta, mais uma experiencia da vista para os barcos enquanto se tomou um gelado na esplanada fronteira à Marina e depois se espaireceram as vistas pelos arredores. Quanto ao passeio de barco…fica para mais idade…

(Velharias em Évora)

O tempo passou sem espaços mortos, e por isso agendou-se a deslocação a Évora, para um passeio pedestre a Praça do Giraldo o e suas arcadas. Fácil foi estacionar a semovente fora de muralhas, do lado da Igreja de São Francisco, nos seus amplos terreiros, onde estavam mais duas autocaravanas…e penetrar no burgo…com tanta sorte que estava a decorrer uma feira de velharias e antiguidades ao lado do mercado, nada interessante para uma miúda de 5 anos, mas todavia foi mais um pretexto para ver coisas diferentes do seu dia-a-dia.

Almoço no Cruz, na esplanada cá fora sob um toldo ali ao lado da Igreja de São Francisco e da sua Capela dos Ossos que nem pensar em ir visitar. Foi um excelente almoço! Com um dia primaveril! Entre outras coisas, marchou uma sopa de cação excelente…azeitonas, rissóis de camarão, bebidas, a tal mousse repetitiva para a Inesita e tudo por pouco mais de uma azulinha. Aceitável, para os 4 viajantes…
(Igreja de São Francisco)


Depois de almoço…programação simples do regresso a penates… sempre pelas nacionais…sempre em direcção a Vila Franca de Xira, sem trânsito, sem pressas, para cruzarmos o Tejo pela velha ponte Marechal Carmona, rumar a Alenquer, trocar a viatura semovente pela de todos os dias, e regressar no final aos Estoris. Missão cumprida! O primeiro fim-de-semana sem a Avó Vera estava conseguido sem traumas, sem perguntas inquietas ou inquietantes, sem a busca de respostas angustiadas. A Avó Vera está no Céu…diz a Inês, e vê-se bem de noite,

- Estás a ver Avô, é aquela estrela grande a brilhar, ali (e aponta o dedo)

- Sim, estou a ver Inês…

- E olha Inês, ela está também a ver-nos. Todas as noites.

(Que assim seja)

(Prontos para outra viagem?)








Nota: Foi detectado um cancro do pâncreas a She a 20 de Maio de 2011, e em Dezembro de 2011 parecia estar debelado. Porém, a viagem de  29 de Dezembro de 2011 foi insuspeitadamente a ultima antes de partir a 1 de Março de 2012, como se relata em:
 http://camping-caravanismo-e-autocaravanismo.blogspot.com/2011/12/e-de-repente-numa-curva-autocaravana.html
Fica a mensagem para quem padecer do mesmo mal: que ele não permita que se perca o gosto e o interesse pela vida como aconteceu com a Vera.

5 comentários:

Anónimo disse...

Li o relato com o prazer habitual que a sua escrita fluída ma habituou...
Entendo perfeitamente o quis dizer, a vida por vezes é matreira e há que aproveitar o melhor possível esta pequena viagem que todos fazemos...Um abraço...
Pedro Costa, Alenquer

João Morgado disse...

Caro companheiro

Quero deixar o meu sentido pesar pela perda do seu ente querido e que ela descanse em paz, esteja onde estiver. E a vida tem de continuar para aqueles que permanecem nesta corrida.

Um abraço

Anónimo disse...

Não cheguei a conhecer este casal, mas tive conhecimento deste caso de falta de saúde. Pelo o que li, chegou ao fim mais uma vida. Mas, é simplesmente impressionante a forma aberta e não escondida como se escreve sobre esta maldita doença. Que a memoria da Dª Vera perdure entre os seus entes queridos e entre todos aqueles que tiveram o prazer de a conhecer e com este casal conviver. A narrativa de uma saida com o neta , revestiu-se de uma sensibilidade e de um respeito por alguém omnipresente, mas mesmo assim, descritivo e apetitoso. O extracto do dialogo com o avô comoveu-me bastante e é de uma pureze e consideração extrema. Obrigado pelo vosso empenho e desvelo e que feliz deve ser o convivio entre familiares deste quilate. Que as ESTRELAS que todos nós temos acessas no Céu nos ilumine e olhem só para nós. Obrigado. Arnaldo Figueiras, e-mail : arnaldo.figueiras@gmail.com

AMS disse...

Apesar de não conhecer pessoalmente os companheiros e em particular a She, sempre segui os relatos e a actividade que as intervenções do casal She and Me, tiveram e têm na divulgação e defesa da prática do autocaravanismo, que também pratico e do qual grande prazer tiro. Foi há pouco que me deparei com a notícia da partida da companheira de viagem ( talvez da vida e das outras ) do Dr.Nandim de Carvalho e foi com muita emoção que li este post. Para além do pesar que lhe quero transmitir pela perda, espero que a sua viagem continue com laços tão afectivos, quanto aqueles que exprimem a presença de She na nossa memória.
Abraço fraterno do AMS ( Napoleão e Josefina)

Anónimo disse...

Caro Decarvalho
Felizes as netas (e netos) que têm um avô assim.
Abr
João e Augusta