Alcobaça, e overnight por Peniche.
Neste mundo globalizado (para quem tem cultura inglesa) de gloge, globo) ou mundializado (para quem ainda tem cultura francesa de monde, mundo), é evidente a dianteira que leva o inglês, e que se impõe desde sempre. Primeiro a tecnologia, que disputam ao alemão, depois a música ligeira que o inglês disputou aos franceses e italianos, depois ainda no cinema, e mais recentemente na informática e Internet e no quarto poder a comunicação social.
Curiosamente o meu spelling nem aceita a palavra mundialização, só mundanização, o que não é de modo nenhum o mesmo.
Fiquemos pois pelo overnight, para a nossa portuguesíssima expressão, uma noite fora, ou por uma noite…
À laia de contador de histórias, então foi assim, era uma vez, em Portugal:
Uma notícia do telejornal….o meu amigo Gonçalves Sapinho, presidente da Câmara de Alcobaça, ex-deputado da Assembleia da República, perante as câmaras de televisão, nos claustros do Mosteiro de Alcobaça, promovia a mostra de Doçaria Conventual…e adiante, na reportagem, um quidam, deixem-me lá usar esta expressão em latim para significar um tipo qualquer, porque fica bem no ambiente medievo do mosteiro, discursou sobre alguns produtos franceses, que comparados aos portugueses levariam menos ovos…
Ora, logo aqui estava um pretexto para uma sortida. Bem perto de penates, isto é de casa, com um caminho fácil pelo oeste, era só aguardar o dia azado para sair, tanto mais que já se desperdiçara a expedição a Óbidos por ocasião da festa do chocolate.
Assim foi. Sábado dia 18, Novembro de 2006, manhã outonal, ligeiramente cinza, fracamente chorona, com ligeiros pingos, temperatura suave e melhor do que o habitual para a época, pelas 11h horas no parque de campismo de Alenquer (www.dosdin.pt/agirdin) a recuperar a semovente (ou seja a autocaravana) e a lá deixar por troca temporária, o carro de todos os dias.
Vamos à estrada, sem grande história, da estada nacional nº 9, à nº1º, e na primeira rotunda de Alenquer, rumo à Ota e por aí fora, (na recta do Restaurante das Marés, Bomba Repsol, gasóleo a menos de 0,98€) sempre direito às Caldas, com travessia desta em dia de mercado semanal no largo principal, e depois rumo a Alcobaça. Aqui chegados, a surpresa de quem por lá há muito não passa, por Alcobaça, de encontrar todo o largo fronteiro ao Mosteiro empedrado, e praticamente vedado à circulação, com um polícia de suplemento a confirmar. Tudo tal e qual encontrámos este ano em Clermont Ferrand. È pois dar a volta, subir, seguir setas de desvio, e placas de Parque de Estacionamento. Sem problema, seguimos a orientação e já na saída para Lisboa, nas costas do Mosteiro (sempre fica melhor costas, que traseiras…) do lado direito, sinalização para parque de ligeiros e autocarros de turismo.
Escolha feita sem hesitar…parque de ligeiros, porque para autocarros de turismo, uma autocaravana com dois passageiros parece pretensioso. Lá estava mais uma, também capucine (desculpem lá os clássicos não usar a expressão capuchinha, mas esta deixa-me nervoso só de pensar no lobo mau (pedófilo dir-se-ia hoje) com fome para comer o (que era uma a) capuchinho(a) vermelho(a). Lá deixámos a nossa semovente Fiat Knaus, e debaixo de uma chuvada de boas vindas, seguiu-se a busca do restaurante.
Com entrada pela rua pedestre lateral, e com outra pelo largo, que é a Praça Afonso Henriques, também rearranjada e sem estacionamento, a escolha recaiu no Café Restaurante Trindade. Mesmo ali no terreiro, representado no azulejo do traçado do Mosteiro, ao tempo com Afonso Henriques e os monges de Cister. Muitas mesas, todas cheias, muito pessoal de mesas atabalhoado, uma cozinha congestionada, com idas e vindas. Um chefe meio atarantado, até com família a ajudar. Enfim, um caos aparente que fez temer pelo sucesso do almoço. Ao lado, uns reclamavam com um peixe-espada pisado, e outros com a desespera de uma açorda de gambas.
Mas resistimos, com umas entradas facturadas com desconto (?) a 2 euros com pão, manteiga com alho, e queijinho aux fines herbes, tipo boursin, azeitonas, queijo fresco e queijinho seco, e claro um tinto da dita adega cooperativa de Alcobaça, a 2.75€. E mais meia hora de espera.
Mas valeu a pena. Veio o bacalhau a dividir por dois, e foi-se num ápice, de gostoso que estava o assado, e o paladar, e depois, mais um compasso de espera, o borrego ensopado, também a dividir por dois, excelente e farto, e por 7.50€ sem perder nada para o bacalhau, senão no preço, pois este chegou aos 10€. No fim, dois cafés e um pudim de amêndoa, modelo casa de família, por 2.75€, em gosto e tamanho redimiu qualquer reserva. Total 26,50€…para dois, e recomenda-se…tel 262582397 para reservas.
Parara entretanto a chuva. Reconfortados, seguiu-se um passeio digestivo pelas duas salas de exposição da Mostra. Não há palavras que descrevam. Nem fotos, mas elas aqui estão. Doces e mais doces, ovos e mais ovos, gente e mais gentes, quase parecia a sala de máquinas de um qualquer casino, tal o entusiasmo em despejar carteiras e porta-moedas, em troca de fichas, perdão, de bolos e bolinhos, ou provas de licores também conventuais. Um reboliço, e um sucesso!
E café de borla, na sala das cozinhas, ao lado das enormes chaminés e da água corrente. Para o ano, não perca…
Entrada pela lateral, e saída sem vergonha, pela porta principal, com descida pelas escadarias principais, com as provas de rendição (aos caramujos de ovos moles de Aveiro, e aos pasteis de Tentúgal) dentro do saco.
Retomada a semovente no parque, lá estava mais uma autocaravana. Seguiu-se o périplo, sempre pelas nacionais, logo a seguir à saída de Alcobaça, frente ao supermercado Modelo, promoção de gasóleo na Galp, (com o desconto de 0.10€ combinado com a Galp/Modelo/Continente) direcção oeste, e depois em direcção a Peniche, passando pela Nazaré, (algumas AC) pelo Portinho de São Martinho do Porto, (mais AC) pela Foz do Arelho (mais AC, 2 alemãs) para um café e uma cerveja, pelo castelo de Óbidos, sem parar, sempre em direcção ao Baleal.
Aqui, nova pausa já noite caída. No estacionamento do lado do continente, algumas AC, e alguns furgons estes maioritariamente de windsurfers. Ver foto. Foi o tempo para uma volta pedestre. Claro que se podia percorrer o istmo até ao Baleal de autocaravana, pois o trânsito era nulo, e no Baleal reinava o quase deserto de pessoas e carros. Mas a opção foi pedestre, com camisolão, por causa do vento que varre o istmo. Animação, só na ponta na Guest House Marés, talvez classificada como turismo de habitação com alguns estrangeiros faladores. Dos restaurantes, só um ou outro piscava as luzes. Solução? Ficar por ali, ou rumar a Peniche?
Sem risco de encontrar amigos de Peniche, entrámos pela estrada da direita (norte) e logo junto à muralha do lado esquerdo, uma boa meia dúzia de AC, perfiladas verticalmente, e alinhadas esteticamente. Seguimos em frente, em direcção ao farol, e depois direitos ao centro, e ao porto de abrigo. Estacionamento fácil ao lado de um furgon, no parque do cais junto às muralhas do Forte de Peniche, que estava iluminado (ver foto).
Visita aos portões do Forte, abertos, progressão pelo pontão de acesso à barbacã, franqueado, até que surge o guarda. Alto e para o baile…sim, estavam iluminados e abertos, mas era para um evento….pois, meia volta e percurso à procura de restaurante para jantar. Há vários, e o critério de escolha foi o de optar por um dos mais cheios, pelo menos este critério dá algumas garantias…
E o preço certo foi…o da escolha acertada…do Restaurante do Pedro, na Av. do Mar (tel 919263471). Entradas de azeitonas, camarão e ovas e pãozinho (10.40€) e depois, dois sargos grelhados, para os dois, uma dose a 8.20€, mais vinho branco em jarro da região 0,5L (2.50€) café, cerveja sem álcool e maça assada. No fim, tudo 24.50€, para dois.
Estava feita a festa. E para pernoitar?
Pois bem, há pelo menos duas alternativas BTS, e sempre junto ao resguardo das muralhas de Peniche, ou mais a norte ou mais a sul, a norte do lado esquerdo de quem como nós entrou, e a sul do lado esquerdo de quem sai, como saímos, vindos do porto de abrigo, pelo que não há engano para um canhoto…mais AC no local sul, uma dúzia, do que no ponto norte, uma meia dúzia, …mais cómodo talvez o local sul, pois fica mais próximo da avenida do mar, dos restaurantes, e do passeio até ao cais e fortaleza….Além disso há dois parques de campismo em Peniche para quem precise de água, electricidade e sanitários.
Depois é o regresso a Alenquer, deixar a AC guardada no camping, com os preços especiais para sócios do CPA, e retomar a viatura de todos os dias para o regresso a casa, até nova escapadela.
Boas voltas, boas estradas, e bons…overnights!
Resumo do orçamento:
Cerca de 350km, cerca de 40litros de gasóleo, duas refeições cerca de 50 euros, cafés, e cerveja, 2,7€ de portagens, tudo cerca de 100 euros. Não se somam os doces conventuais de Alcobaça, senão upa, upa…inclusive a nível do stress do colesterol e associados…
Sem comentários:
Enviar um comentário