sábado, março 04, 2006

autocaravanismo em 3 dias de carnaval 2006

de Rota: Algarve, Quarteira, Huelva, Rio Tinto, Montargil, Alenquer
em Fiat Knaus.


Sábado de Carnaval de 2006, choveu. Choveu mesmo, e bem, quer em Portugal e Espanha pelo menos até ao entardecer cá por Portugal, uma hora mais cedo que em Espanha. Era o que se via pela janela e se sabia pelo ecran do computador, ao “surfar” para saber do tempo na internet.

Apesar disso saímos na auto caravana, do Alenquer Camping, a cerca de 35km ao norte de Lisboa, pelas 17h e rumámos para sul debaixo de descargas de água sob nuvens pesadas, com visibilidade obscurecida pelo sol tapado. Logo pouco depois, seguiu-se a travessia do Tejo, em Vila Franca de Xira, que tem a vantagem de não pagar portagem, e depois apanhou-se a auto estrada para sul.

Se estivesse bom tempo, valia a pena seguir pela estrada nacional que tem um bom tapete, sinalização razoável e pouco trânsito, mas com chuva forte dá mais segurança optar pela estrada de via dupla, e pagar a tal portagem (são 30€) como suplemento de descanso. E assim, sem história, cerca de 3h30 depois a auto caravana entrava na Via do Infante, direcção a Espanha.

Boas horas para decidir da estratégia. Primeiro o jantar, e depois a pernoita. O Parque de Campismo mais próximo será o da Quarteira, do grupo Orbitur, mas aí existe tambem uma alternativa de “free overnight”, ou seja de campismo livre nos estacionamentos frente ao mar, na praia do Forte Novo. Mas não vale a pena procurar pelo Forte, apesar da sinalização...já ruiu pelos avanços do mar, e só os mais velhos ainda se lembram da sua presença nas arribas.

Optou-se pelo restaurante de beira de estrada na zona da Fonte Santa, logo do lado direito à saída da zona do camping da Orbitur. È uma tasca sobrevivente dos velhos anos 70, bem diferente dos requisitos actuais quer legais, quer de conforto que existem no restaurante do mesmo nome, novo, do lado esquerdo da estrada, e ao lado da dita Fonte.

Bem que se comeu. Peixe fresco, do mar, entrecosto grelhado também no carvão, são garantias de cozinha higiénica, e o preço para um casal, com vinho e sobremesa da casa, tudo nos 20 euros. O aceitável.

Segue-se a opção da pernoita. Entretanto a chuva já era. O céu desanuviado revelava estrelas, constelações e a imensidão ilimitada do escuro de fundo. É mesmo na praia, nos estacionamentos frente à rebentação, onde já estavam aliás, como é hábito, uma quase dúzia de camping cars, ingleses, belgas, alemães, holandeses, portugueses, mas desta vez nenhum espanhol. Uma das auto caravanas até com um atrelado para um carro. Gostos caros.




Aí ficámos. A adormecer em segurança com a sinfonia das ondas, e depois de um passeio de reconhecimento, a pé pelos arredores, mas sem chegar ao passeio marítimo da Quarteira. Deviam ser aí umas 23h.



Domingo...o cantar de galo, logo o bom dia do sol. Pelas oito a descida da capucine, o cafézinho, as torradas nos bicos no fogão, e o planeamento da volta de três dias. Para tanto, na mesa sempre posta, o desdobrar do documentos de consulta obrigatórios: Mapa Michelin da Península Ibérica nº 990, e os Guias Verdes Michelin de Portugal, e de Espanha, ou o Guia da Andaluzia.

O plano é simples, primeiro voltar atrás, para ocidente, a Portimão para almoçar com amigos, depois regressar ao oriente, rumo a ilha Antilla para a segunda pernoita, para no dia seguinte ainda descer até Punta Umbria, antes de retomar o Norte, direcção Huelva e Rio Tinto, depois Jerez de los Caballeros, passar ao largo de Almendral e Olivenza, cruzar Badajoz, abastecer de gazóleo no Carrefour (o litro, quase menos 10 centimos que em Portugal) e seguir para Mora ou Montargil, para pernoita no Camping da Orbitur.

Ora bem, com um dia de sol a decisão foi a de baixar o travão, ligar o motor, e devagar guiar até Portimão, pela velha 125, a estrada dorsal do Algarve, hoje transformada quase em rua de bairro. Mas com tempo, e em busca de um supermercado para abastecimentos, interessava entrar em Albufeira, frente ao Makro sem ser pela via, scut, ou auto estrada do Infante.

Almoço pois, em casa de amigos, frente à Praia da Rocha, já apalavrado desde a saída de Alenquer. Irrecusável aliás, cozido à portuguesa a sério, e ao domingo. Depois foi o café e o passeio até ao Moonlight de onde bem se observam as obras de requalificaçao da praia e das escadas, bem como dos novos restaurantes, tudo a favor da higiene, da segurança, e da qualidade de vida. E a conversa foi durando até pelas 17h ser hora de arrancar.

Agora, para não perder tempo a opção é seguir pela Via do Infante. Segue-se com mais luz, menos trânsito e mais velocidade, mas sem ultrapassar em muito os 100km/h para que o consumo dos 127cv não ultrapasse em muito os 10L /100K. Então, assim foi. Entrada logo em Portimão, e depois sem história, o cruzamento da ponte do Guadiana, e cerca de 17km depois a saída em direcção a Ilha Cristina, a travessia, já de noite, e a chegada à Ilha Antilla, e do lado esquerdo, entrada no Camping Luz, 2ª categoria. Fizeram-se logo as contas...e caras. Então um casal, em autocaravana, e sem electricidade, paga, por uma noite no inverno, com o restaurante fechado, em fevereiro, nada mais do que 20 euros? Fica já dito, que na noite seguinte na Orbitur de Montargil se pagou cerca de 8 euros, e que no restaurante, se comeu por cerca de 20 euros!

Faltava depois do pagamento e registo de entrada, comer alguma coisa, o almoço de cozido é farto, dura 8h, mas há sempre um ratinho de fome fora de casa. Optou-se pois, e porque ja passava das 20h, ir um pouco mais adiante a cerca de 2km, ao centro comercial da grande urbanizaçao de Antilla para picar algo, no restaurante Marismas, e aí de facto optou-se pelas saladas e pelo peixe grelhado, tudo bem, e um pouco mais em conta do que em Portugal.

Resta o apontamento de que não ha problema para estacionar a auto caravana no parque de apoio, à entrada da urbanização, e que é gratuito.

Depois de uma noite sem história, a higiene é feita em sanitários modernizados, o pequeno almoço na mesa da auto caravana e reconfirmados nos mapas os planos, segue-se em direccção a Huelva, obliquando depois do desvio para Catraya e El Rompido, em direccção a Punta Umbria, passando pelos marismas e pela via rápida, já nossa conhecida de anteriores viagens.

Vale a pena uma paragem no Chringuito El Camaron, ao lado do Hotel Barceló, frente à imensa praia. O estacionamento é fácil e amplo, o restaurante é de madeira, de preços aceitaveis, pessoal simpático e acolhedor, e os sanitários são eficentes e limpos. Desta vez, era cedo para uma refeição daí os cafés solos e as tostadas com mantequilla a meio da manhã, antes de rumar para norteste.

Seguimos pois em direcção a Rio Tinto, depois de passarmos pelo respectivo estuario, Gibraleon, Trigueros, Vilaverde del Camino, com desvio para visitar os dolmens de Pozuelo, (ver foto) indicados na estrada N435, e Zalamea la Real.

Vale a pena vistar Rito Tinto. Vale mesmo muito a pena visitar Rio Tinto. Em primeiro lugar as estradas convidam à viagem, em segundo o estacionamento da autocaravana é fácil, em terceiro o museu está muito bem arranjado e bem sinalizado, e finalmente há restaurantes a preços acessiveis e qualidade suficiente, por exemplo o Epoca, onde um casal come o menu turístico com entrada, pão e manteiga, prato principal, e vinho por 16 euros!

Só uma breve referência à povoação de Rio Tinto que fica em plena Serra Morena, na zona de influência do Gualdiquivir, entre o Rio Tinto e o Odiel. É um local que desde há mais de 5000 anos foi um centro de exploração mineira, que terminou em 2001. Tem várias minas a céu aberto, tem km de galerias e de vias férreas, foi explorado pelos homens do calcolítico à idade do bronze, desta região extraiu-se prata nos tempos romanos, cobre, ouro, e durante a presença islâmica e cristã medieval, continuou a ser centro mineiro até que a partir de 1873 os ingleses iniciaram uma exploraçao sistemática e industrial, criando o caminho de ferro até Huelva, acção prosseguida pelos espanhois a partir de 1954 e até ao incio do século XXI.

Vale pois a pena vistar o Museu, (4€ por pessoa) e aqui percorrer a reprodução de uma mina romana em cerca de 200 metros, e dar uma volta de cerca de 1,30h pelo caminho de ferro mineiro em passeio turístico. No shopping há uma imensa possibilidade de compra de pedras semipreciosas. (foto da entrada do museu mineiro de Rio Tinto)

Depois do almoço no Epoca, retomamos o Norte pela N435 até Badajoz, passando ao lado de Jabugo (sem nos seduzirmos pelos melhores presuntos pata negra), ao largo de Aracena ( e das suas grutas) e de Jerez de los Caballeros ( e dos seus monumentos templários). Em viagem não se pode ver tudo quanto se depara pelo caminho, mas fica o registo sempre para quem se interesse.

Acabámos pois por chegar a Badajoz, e logo à entrada virámos à esquerda, direcção Portugal, Ponte Real, para uma paragem estratégica no Carrefour, entre outras coisas para o reabastecimento de combustível favorecido por uma taxa de iva de 16%, enquanto em Portugal esta é de 21%.

Cruzada a antiga fronteira, duas opções se colocavam, ou ficar em Elvas ou continuar. Porém o parque de campismod e Elvas estava encerrado e a opção de ficar debaixo do aqueduto (onde já estava um camping car de cortinas corrtidas) não agradou. Então, ainda se pensou naalternativa do parque de campismo do Caia, junto à barragem do mesmo nome, porém pelo telemóvel não se conseguiu confirmar estar aberto, e assim não se arriscou. Terceira hipótese seleccionada pelo Roteiro Campista...o parque de campismo do Gameiro, no açude do mesmo nome, próximo de Mora, parecia sedutor.

Lá fomos e pela estrada nacional, evitando so custos da autoestrada e ganhando o prazer de rolar em bom piso, e assim, em Vimieiro saimos da EN nº 4, direcção a Pavia, e daqui para Mora, sempre com bom piso e pouco trânsito, onde pouco antes na sinalização para Ponte de Sor se vira à direita, tambem para a indicação Gameiro...e pouco depois, novamente para a direita, para a indicação de camping que aparece pela primeira vez, até que, já de noite, cerca das 20h, darmos por nós no caminho estreito do cimo do açude a transpor o rio, e a entrar numa estrada de areia num ambiente de obras e de estaleiro.

Junto ao Rio há um café de província que talvez sirva refeições na época alta, mas que no final de Fevereiro era tudo menos acolhedor. Lá perguntamos pelo camping cuja indicaçao não se via devido à falta de iluminação, pois lá encontramos, mais acima da entrada do parque ecológico. Na recepção ninguém. Entrámos pelos portões abertos, e demos uma volta a todo o parque pela circular em forma de raquete e não vislumbramos vivalma, nem lugar livre. Um desapontamento.

Assim, sem restaurante amigavel, sem parque, tambem se optou por não ficar no estacionamento desterrado. A solução foi retomar a estrada nacional EN nº2, direcção Montargil, e entrar no parque de campismo da Orbitur (ver foto abaixo) . Apesar de termos o cartão do clube Orbitur, foi necessario responder na recepção a um inquérito policial, com pedidos do numero de bilhete de identidade, morada, telefone etc, o que é injustificavel para quem apresenta o cartão de sócio. Fica o reparo negativo da burocarcia, e fica a nota positiva do preço, e do restaurante estar aberto, da qualidade dos sanitários e da abundância de espaços.

A terceira noite foi pois calma e repousante, e no dia seguinte o despertador foram os pássaros, bem mais numerosos do que em Antilla, e bem mais simpáticos do que o galo de Quarteira. O pequeno almoço de janelas abertas não tinha o mar do Algarve, mas tinha o azul da lagoa da barragem de Montargil entre aberta pelos pinheiros. E depois da pausa, ala que se faz tarde.

A ideia era ir ainda almoçar a Alenquer, ao parque de campismo de partida, pois a autocaravana aqui fica durante o tempo que não está a rolar. Assim se fez portanto um regresso sem história.

De Montargil ruma-se a ocidente, pela estrada municipal antes de cruzar a barragem, á direita, em direcção a Coruche, e assim atravessam-se os vales de arroz do Sorraia depois de seguir a ribeira da Raia, e os canais de irrigação. De Coruche, que fica ao longe, passa-se a Stº Estevão, que fica também ao largo, e de seguida entra-se na zona de Porto Alto e dos imensos armazens de chineses, até que seguindo a direcção de Samora Correia, se começa a avistar o Tejo e Vila Franca de Xira. Depois, após a travessia inversa da ponte que tomamos à partida se vira em direcção ao Carregado e depois Alenquer. Aqui, depois da primeira rotunda só há que seguir os sinais até ao Camping www.dosdin.pt/agirdin para um café final no Bar do Além, ou se for a hora, um martini antes de um almoço!

DeCarvalho


PS para comentário do comentario de nunor (sem mail)
Meu caro amigo Nunor,
Efectivamente nao havia ninguem na recepção, nem porteiro. No interior do parque nao se vilsumbrou nenhum lugar, e efectivamente fora deste, no estacionamento exterior, estava uma autocaravana, mas sem ninguem por perto que pudesse dar alguma indicação sequer, não estava nado escrito nos avisos colocados na janela da recepção! Para quem nao conhece o parque não é a mesma coisa que um camping, um lugar de estacionamento (fora do parque) sem electricidade, ponto de agua, vigilancia, sem vedação, sem sinalização, sem bar de apoio, etc ...dai a afirmação de que não havia lugar livre no parque. ..
Pessoalmente penso que assim, não deveria tal parque constar do guia de campings....leva as pessoas ao engano... por mim não volto, nem recomendo!
Grato pelo feed back!
Cumprimentos
Decarvalho

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