O caderno de encargos autocaravanista para umas curtas férias de final de verão, a dois, condutor e co-piloto, ou seja, consorte e eu, "She and Me", contemplava alguns requisitos a observar:
- A viagem a não ser muito longa, cerca de 10 dias,
- Não fazer muitos KM… o que acabou por dar 2980Km
- Conciliar praia e cultura (e assim foi)
- Eleger como local de referência Biarritz!
Muito pouco, senão depois de o interessado já ter definido o essencial: orçamento, duração de férias, agregado familiar, gostos, datas e destinos de referência…A primeira foto é uma sugestão implícita de viagens em Espanha...por exemplo, seleccionar locais classificados como património mundial pela Unesco!
De facto é totalmente diferente viajar com crianças, ou com adolescentes, e mais diferente ainda levar na autocaravana a sua “ametade”, ou viajar sozinho.
Sózinho, pode-se ir até ao fim do mundo, e se em reforma total, durante o tempo todo que se quiser, e para tanto houver viatura capaz, e orçamento. A dois, tal também será possível se o bom entendimento conjugal o permitir, sem reticências. Mas, com filhotes…ou mesmo a dois mas em situação de semi-reforma, com obrigações profissionais à espera… já o fado é outro!
Um outro aspecto a ponderar, está em se saber o que é que o viajante já conhece do estrangeiro, e do que mais gosta? Serras, lagos, rios, mar, igrejas? castelos? cidades, vilas pequenas?
Pois quem pouco sai, ou até receia ir para lá de fronteiras nacionais, numa deslocação projecatda aparece como que inevitável passar pelos grandes destinos turísticos, como Paris, Veneza, a Côte d´Azur, Mónaco etc …
Mas tal não era o nosso caso. Desde o final dos anos 70 que percorremos já grande parte da Europa, primeiro de caravana e com os herdeiros, e desde 2002 mais ligeiros, com autocaravana, e até, este ano de 2010 já contávamos no registo com duas saídas anteriores, a Paris, e à Córsega e Sardenha, aliás à boleia de duas reuniões internacionais. Daí o caderno de encargos supra…
Por isso, é com essas reservas que se vai reproduzindo a viagem e as fotos, quem sabe, se em algum episódio outros leitores não encontraram inspiração para incluir alguma sugestão numa viagem futura. Para isso serve a filosofia de partilha pois que um viajante por natureza é agente duplo, quer receptor, quer dador.
Em síntese, 10 noites de “touring” de autocaravana, saímos a 29 de Agosto domingo e estávamos de regresso numa 4F, dia 8 de Setembro. KM percorridos, 2980 KM. Noites dormidas em parkings gratuitos para autocaravanas 7, e em parques para autocaravanas pagos 3. Nenhum parque de campismo foi utilizado, por mera casualidade.
Refeições “in house” 11, e fora 9. Combustível com consumos variados: 8,918L/100 ao fim de 972KM em passeio, França, pelas estradas nacionais, e entre 1500 até as 2000 RPM até 12,4L/100KM, em 750Km de auto-estrada, com vento contra e entre as 2000 a 2500 RPM. Média despesas, cerca de 100€/dia.
Arrancámos pois, dia 29 de Agosto. Domingo depois de almoço, por opção objectiva, a favor de se optar pelo fim das férias em massas do demais, (dos agostinhos) pois já pertencemos a esse clã tipo de turistas, quando pelas escolas dos descendentes, só havia a hipótese de férias espartilhadas nos 30 dias estivais de transumância humana. Agora, optamos por fins de Maio, inícios de Junho, e de finais, mesmo fins de Agosto e Setembro.
Nota: para além das fotos isoladas publicadas há conjuntos de fotos temáticas, visiveis se os leitores clicarem nos links com a menção fotos. Este recurso permite tornar o texto mais leve ...
Nota: para além das fotos isoladas publicadas há conjuntos de fotos temáticas, visiveis se os leitores clicarem nos links com a menção fotos. Este recurso permite tornar o texto mais leve ...
1º dia:
Saímos de Alenquer (troca da viatura urbana pela autocaravana) pelas 15.30h. O conta KM marcava 65.109. Seguimos directos em regime “non stop” e ao fim de 4h chegávamos a LA ALBERCA, povoação deliciosa de recorte medieval, sita na Serra de França, acerca de 70Km da fronteira de Vilar Formoso e que teria sido inicialmente parte do condado portucalense (?).
Mais informação em http://laalberca.com/
A autocaravana ficou logo estacionada no parque próprio devidamente assinalado por painéis de sinalização e simples de encontrar…do lado direito da povoação é o ultimo parque, à direita e junto do Centro de Interpretação da Natureza. La estavam já mais duas espanholas que durante a noite passaram a três.
O parque, dotado de estação de serviço, fica mesmo à ilharga da povoação a que se acede facilmente a pé, e que merece ser percorrida com vagares. Como o fizemos, e de máquina fotográfica em punho, quer antes quer depois de jantar na esplanada da praça principal no “Balcon de la Casa” por escassos 18€, e que cobriram “una copa de vino blanco, una cana normalita y una ensalada de esparragos y outra a la casa”.
2º dia:
Arrancámos pois com tranquilidade e logo se rumou a uma “gasolinera” para abastecer e rumar estilo “non stop” até ATAPUERCA, a cerca de 15km da auto-estrada em Burgos, eram cerca de 11.45h. Por isso de imediato fomos ao que íamos: Conhecer aquela estação arqueológica, declarada património Mundial pela Unesco em 2000, e de preferência através de uma vista ao centro Arqueológico.
Ver mais em:
Que dizer mais do que os sites oficiais? Apenas a impressão pessoal do bem conseguido que é o Parque Arqueológico, integrado no Museu da Evolução Humana (5€ a entrada) e não tanto pelas maquetas, mas sim pelo desempenho do guia: ali à vista de todos, demonstrou as técnicas primitivas de pintura rupestre, de acender o fogo por vários métodos, de talhar uma pedra lascada multiforme, de lançar uma zagaia, e uma lança com propulsor, etc. Enfim, recomenda-se sem rodeios.
Almoço na Autocaravana, (ovos cozidos, chamuças, croquetes, queijo, café) no estacionamento do Parque. A vista às jazidas e escavações ficam para outra viagem, em que eventualmente se veja também em Burgos o Museu novo.
Arranque depois e por auto-estrada, que só abandonámos logo antes da fronteira para sair para Hendaye. O objectivo A. era entrar na cidade ao longo do Bidassoa e encontra a área de autocaravanas junto à estação de Caminhos-de-ferro. Lá chegámos. Estava cheia a abarrotar e ficava distante do centro e das praias.
Seguiu-se pois o plano B. Rumar a St Jean de Luz pela “Corniche Basque”, bonita e agreste em tarde com algum vento fresco. Entramos pela costa portanto em Ciboure, Forte Soccoa, e logo directos à área de estacionamento de autocaravanas, em cima da ponte. Bem assinalada (embora já a conhecêssemos de passagem) e com lugar. Foi logo, ali Às 18h, o parqueamento da semovente com facilidade até porque havia mais umas vagas que subsistiram durante a noite.
Seguiu-se um passeio pelas ruelas de peões até às muralhas de defesa do mar que protegem a cidade e constituem um miradouro a não perder. E depois de se rever o farol de entrada no porto, surgiu a hipótese de um passeio de barco, no último “Passeur”do dia às 18.45h.Para dois foram-se 8€ bem merecidos e lá fomos ao porto fora ate a praia e depois ao Forte Soccoa e finalmente o regresso ao ponto de partida. Mais uma dica que se partilha com recomendação a quem por estes lados venha autocaravanear.
Eram entretanto horas de janta e fomos fazer a refeição mais cara destas férias: duas azulinhas, a condizer com o nome do restaurante em esplanada junto à praça principal. O bar Cintra do Majestic! E foi-se uma omeleta de cogumelos, lombo de porco com salada, cerveja branca, e “pichet de vin rouge”, com tarte tatin. Regresso à semovente, depois de mais um passeio digestivo para uma noite descansada, sem grandes ruídos dos comboios, e na companhia de 15 autocaravanas (sobraram então 2 vagas). Estadia gratuita.
Dia 3:
Eram 8h. Despertados, sol claro e luminoso, céu azul aberto sem compadrios com nenhuma nuvem. Apenas o frigorifico dava sinal de si pela recusa em produzir frio, e por isso a opção foi de rumar directos a Anglet, paredes meias com Bayonne a duas casas de acessórios já conhecidas. Mas nada, só numa casa de reparações eléctricas se poderia marcar um “rendez vous” lá para 4F…
Não há crise, depois se verá, foi o consenso de “She and Me”. Por isso rumo ao parque de estacionamento das autocaravanas dos Corsários, bem nosso conhecido, em Anglet, junto ao mar. Logo, praia, e ao banho, que a agua estaria pelos 21º. Almoço na semovente “in house”, portanto. E à tarde? Praia outra vez, e repetente banho!
Jantar a quatro com o casal amigo português, que entretanto chegara a Biarritz, mas de carro…para umas férias de apartamento. Essa circunstância permitiu termos boleia, dos Corsários para o Carrefour (mercas necessárias) e depois para o restaurante, com serviço de retorno à semovente!
Restaurante escolhido, o Herisson, (ouriço) na Av. Biarritz junto ao estádio de desportos bascos, de Aguilera. Excelente a refeição completa, com vinho, entradas, prato principal, sobremesa e café…11.50€ e não se pense que era massa com arroz e feijão, estilo rancho de tropa! No meu caso…foi de entrada, camarões grelhados de estalo, asa de raia como prato principal, queijos de sobremesa, 2 variedades, de cabra e de ovelha) … café, um luxo acessível, impossível pela qualidade e preço ter-se em Portugal.
4º dia:
Direcção norte pela costa marítima das Landes, e pelas nacionais…Bayonne, Ondres, Soustons plage, Vieux Boucaux, Port e Lac d´Albert com feira. Aqui, paragem…visita à feira tradicional de comes e bebes e com pausa numa cafetaria com esplanada (café sumo de laranja e croissant…tudo por 2€).
(Fotos)
http://www.slide.com/r/G_OlC7iA5T9ZTNVKoquBa_Mw4vpzAcml?previous_view=mscd_embedded_url&view=original
(Fotos)
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Seguimos por Leon (desta vez não parámos), contornámos Contis, Mimizam (lago) e finalmente estacionámos em Gastes com área de autocaravanas frente a uma marina, e a uma praia de lago. Ambiente distinto e simpático com sombras. O ideal para mais a um almoço na autocaravana e de petisco: alcachofras cozidas na pressão, azeitonas da feira sortidas, “pain de campagne”, queijo, café. E a finalizar, uma merecida cigarrilha Monte Cristo para transformar em baforadas.
Vagarosamente depois seguimos para Biscarosse, local pré-seleccionado para visitarmos o museu da Hidroaviação. O maior de França diz-se. Como lá havia referências Gago Coutinho e Sacadura Cabral, dá para acreditar. É interessante sem ser muito apelativo. Mas para quem vá com tempo vale a pena, e tem ainda vistas do lago contíguo donde em tempos idos partiam os hidroaviões para as Américas e outros destinos.
(Fotos)
http://www.slide.com/r/FizwyUiK5j_2nxVugXEQ1UjLulOb5gdw?previous_view=mscd_embedded_url&view=original
Naturalmente que o caminho que seguíamos para norte, nos levou a raspar pela duna do Pilat, onde não nos detivemos, e depois entrámos em Arcachon à procura de uma sinalizada (nos guias) área de autocaravanas. À cautela fomos primeiro ao Turismo, para ter a decepção que tal área era só estação de serviço, e não de estacionamento ou pernoita.
Inexequível o plano A, de imediato passou-se ao plano B já estudado de casa: seguir para Andernos les Bains, do lado oposto de Arcachon. Lá sofremos com muito trânsito, mas chegámos e bem ao destino, que tinha assinalada nos guias uma estação de serviço e área de estacionamento e pernoita de autocaravanas. No bairro e Porto dos ostricultores. Ficava de facto no “quartier”.
Tudo bem, varias autocaravanas já estacionadas mesmo frente aos cais dos pescadores, e das casas de venda de marisco (ostras principalmente, como o de La Cabana da bicicleta ostrilada), estação de serviço e pagamento da pernoita por multibanco, ou cartão visa, que uma simpática policia veio recordar que não era para esquecer…e lá se foram 7,50€.
Resolvido o estacionamento, e pago, era tempo de jantar e “She and Me” lá fomos à procura de um restaurante ribeirinho que tivesse mexilhões. Qual nada, o único que era suposto tê-los, estava fechado, e todos os demais eram de prato forte ostras, que não têm a simpatia dos viajantes. Solução? Pois entrar numa banca de pescadores e comprar ali mesmo quilo e meio de “bouchons” (mexilhões de viveiro) e o já agora, umas gambas de acompanhamento! Ficou a festa do jantar nestas matérias-primas, por 12€! Claro não contando com o pão, azeitonas, vinho, queijo e café que fazem parte da despensa da semovente.
Noite quente a 28º pelas 21h, a convidar pois a um passeio lento, e a verificar algumas ruínas galo-romanas de um templo, junto a igreja que assinala a rota do caminho de Soulac, do litoral para Santiago de Compostela. Entretanto o “frigo” continuou o seu comportamento bi-polar, mas agora na fase optimista e expansiva, dando pois, frio qb.
(Fotos)
5º Dia:
Silêncio total, nem sequer quebrado pela proximidade de uma escola em primeiro dia de aulas (2 de Setembro, 5ªF) para a criançada francesa. Nem também interrompido pela passarada distraída do bosque fronteiro ao estacionamento. Às 8.30h foi o ar fresco a marcar o ritmo do levanta-te e caminha! (melhor, levanta-te da caminha). O sol emergia de nuvens e durante as torradas e o café com leite, marcou-se o ritmo. Rumo ao “Office” de turismo para esclarecer as hipóteses de viagem de barco pela baia de Arcachon.
Saímos pois de semovente, directos ao posto de Turismo e aí, eram 15 minutos para a partida, foi só estacionar a viatura numa ruela perpendicular à praia, e seguir por esta, para o molhe pontão dos barcos. Chegámos à tangente…os penúltimos, mas a tempo de comprar bilhete e ter lugar no batel. Lá fomos os dois, por 34€ durante 2,30h dar a volta à baía com a maré enchente, o que tem a vantagem de podermos passar pelos baixio e bancos de areia e acedermos sem risco de encalhar, ao mais próximo possível das ilhas, das casas e das marinas flutuantes ao longo da costa.
Sim vale a pena. Com o sistema sonoro a debitar um comentário gravado explicativo do que se vai vendo, tira-se algum proveito para além da paisagem. E registe-se, a beleza do iate real dinamarquês frente a Arcachon! Nota positiva para a opção assumida!
Concluído o passeio, retomado o volante da semovente rota em direcção a Bordeaux…e que me desculpem não escrever Bordéus. De facto a tradução portuguesa corrompe totalmente o sentido semântico, e sintomático do vocábulo francês, porque Bordeaux é mesmo isso “bord des eaux”, ou seja as águas dos rios Dordogne e Gironde… O almoço foi num restaurante “self service” do supermercado Carrefour, de marca Flunch, 16,40€ honestos por uma refeição simples mas abundante, para dois.
O caminho levou-nos depois para Libourne…uma decepção apesar da bonita ponte de arcos e do fácil estacionamento da Autocaravana no cais nº2 junto ao Rio. Mas nada de atractivo. Rota pois invertida para o destino final previsto e esse sim não decepcionou, Blaye. Antes disso, com interesse, a “route panoramique” de Bourg, junto ao Rio e ao Castelo das vinhas Yquem, com o respectivo miradouro.
Chegámos a boa hora pelas 18.30h. Paramos como previsto, no estacionamento plano, no terreiro debaixo as muralhas da fortaleza Vauban, património Mundial classificado pela Unesco. Impressionante de beleza e de imponência.
Ver mais:
De imediato, partimos ao assalto escalado à Cidadela fortificada. Sem resistência, franqueámos a entrada nobre, atravessámos as ruelas, devassámos com o olhar restaurantes, lojas de artesanato e de arte, invadimos o terreiro do Hotel e vislumbrámos, do alto dos caminhos de ronda, ao longe, um parque de campismo entre muralhas. Depois foi espiar o Rio das guaritas de vigia, e do lá de lá da margem, topar o Forte Cussac Medoc, e no meio do Rio, no estuário da Gironde, na ilha verde, o bugio fortificado de Vauban, o Forte Pâté. Ou seja, a percepção instantânea do ferrolho armado e defensivo de Bordeaux gizado pelo Ministro de Luis XIV.
Algo cansados, foi de jantar fora a deliberação telepática, e unânime. A escolha recaiu numa rua de peões, num italiano, La Casa, com uma interessante lasanha gratinada com mariscos e uma sedutora salada de salmão fumado. Preço? 25.45€
6º dia:
Acordar cedo, à hora do apito de partida do primeiro ferry de Blaye. Às 7.30h. A ideia era mesmo apanhar apenas o segundo ferry às 9.30h, mas desconhecendo o movimento, as precauções foram tomadas. Logo que partiu o ferry das 7.30h rumamos ao cais de embarque, e só aí tomamos o pequeno-almoço, em cabeça de fila, para estarmos garantidos quanto à travessia. Cautela a mais, o barco acabou por partir a 1/3 da sua capacidade…
A volta do rio uma neblina dissipante acompanhou a “baguette” fresca, e as 930h em ponto lá entrámos no Verdon para fazer o almejado percurso fluvial…rodear a Ilha de Pátê, e ancorar do lado oposto para seguidamente irmos visitar o Fort Médoc para confirmar a lógica do ferrolho de Vauban: Blayes-Pâté e Médoc.
Falhada também a ideia de almoçar na AC nos parques do Castelo, “She” assumiu plenamente o comando das operações e em boa hora. Mapas desdobrados, guias abertos, GPS tom tom consultado, e rumo traçado direitos a Hostens. Zona de “loisirs” ao pé de um lago de uma floresta dominial. Excelente, sombras, espaços, outras autocaravanas no descanso, gentes na praia, mas tudo com aspecto de fim de época balnear.
Almoço OK. Peitos de pato (magret de canard) grelhados, vinho mousseux (espumoso) fresco num “frigo” (d)espertíssimo, “baguette a l´ancienne” de Blaye, fruta, café, queijo, e claro, cigarrilha com vista do lago.
Depois desta pausa repousante seguiu-se a perseguição aos castelos…o próximo Villandraut, em ruínas, espreitou-se da estrada, o seguinte Cazeneuve, a 8€ de entrada cada um, mereceu a expectativa. Local dantes habitado pelos homens trogloditas, depois pelo galo-romanos e finalmente pelos reis e rainhas de França. O jardim envolvente, fora de muralhas, junto ao Rio pode ser percorrido até a gruta da Rainha Margot, onde esta acolhia as suas conquistas… Como curiosidade anote-se que há vinho Bordeaux Cazeneuve por 4.50€ a garrafa, e pelas pipas vistas na cave...chega para todos!
Seguiu-se o caminho para mais um castelo: Roquetaillade, mas mais uma vez, banhada! pois estava fechado contrariamente aos horários publicados nos guias. Porém retribuímos com luva a desfeita recebida. Aqui fica o “link” para o sitio do castelo, para quem se interessar:
Que fazer então? Entardecia e assim rumo a Bazas e à sua igreja e pequena rua de peões. Esta cidadezinha tem área de serviço e estacionamento para autocaravanas e por lá fincámos sozinhos. Antes da refeição na semovente passeata de compras em supermercado local, e cervejas frescas no calor envolvente. Apenas se cometeu um erro de apreciação: devíamos ter ficado antes alguns curtos KM a sul em Beaulac, pois estava com um belíssimo aspecto quando por lá passámos, mesmo à beira da estrada no dia seguinte.
Antes da deita um curto jogo de dados e de cartas, a busca inglória de captação de televisão (dia virá em que se investirá numa parabólica). Depois um sono sem sobressaltos. Anote-se que a área de Bazas era gratuita.
7º dia:
Rolas reapareceram como despertadores locais! Eram 7.30h, e lá fora através dos vidros mais uma vez, a neblina dissipante…que depois deu lugar ao nevoeiro baixo! Pois fez-se o ritual habitual, mais o despejo da “cassette”, e seguiu-se em frente com o GPS a comandar em direcção ao Eco Museu das Landes (Sabres).
Diga-se já que valeu a pena. Que se confirmaram as expectativas e que valeu a pena a preparação da viagem antes da partida por este e outros casos anteriores. Chegámos antes da bilheteira abrir as 10h e antes do primeiro comboio sair da estação, pois para se visitar o ecomuseu vai-se de comboio adentro da floresta de pinheiros marítimos mandados plantar por Napoleão III.
A visita demorou uma boa dupla de horas, e mais meia. Tudo por 13€ cada, incluindo comboio e cicerone, para a visita guiada no local que se afigura indispensável. Assim em Marquéze, percorremos toda clareira, a casa do maioral (habitada ate 1950) o galinheiro, os estábulos, o forno de pão tradicional a funcionar, e a vender, a demonstração de caça aos pássaros por virtuosos genuínos locais, etc.
(fotos)
http://www.slide.com/r/mCAQB3Yy3D8zqWYZLp3EjgiNJjU_clAv?previous_view=mscd_embedded_url&view=original
Quem queira saber mais…aqui tem:
Eram horas de almoçar quando começámos a rumar a Dax. Felizmente que no eixo da estrada principal Bayonne-Bordeaux, poucos KM adiante, em Castets…fica o Centre Routier e aqui o sucessor de a um antigo restaurante Routier que nada deve ao passado…com uma ementa fabulosa em qualidade e quantidade por 12€…tudo incluído…entradas em buffet de mais de 30 variedades, pão, café, bebidas descrição (vinho, agua e gasosa) e claro prato principal (de escolha entre mais de 10 variedades, e com acompanhamentos a seleccionar, e sobremesa… e queijo com 4 variedades, por exemplo!
Opíparo!
Paragem seguinte Dax. O GPS levou-nos a área de estacionamento de autocaravanas que fica mesmo a uns 500 metros do Centro a pé. Pois vale a visita, calcorrear as ruas de peões, ver as muralhas defensivas, e pelo menos, confirmar que a temperatura da Fonte Quente é mesmo de 67º à saída da bica… e quem sabe teria sido por isso que o cão do legionário lançado ao rio por velhice, acabou por sobreviver, segundo a lenda. Mas estava calor em Dax!
E assim….revisão dos planos e adopção da variante B: Em vez de seguir para pernoita para Hossegor (capital do surf) porque não rumar já para Biarritz? O tempo prometia uns bons dias de praia!
De Dax a Anglet pouco foi, e aí surpresa…talvez por ser sábado…talvez por o tempo estar excepcional…o certo é que o parque dos Corsários estava cheio… completo, sem um único lugar livre…seguimos pois, para o Parque Milady (praia de Ilbarritz) e aí lugares disponíveis, mas não muitos…porquê? A resposta veio dentro de minutos com a polícia de Biarritz a cobrar os 10 euros de pernoita…pois…mas que a polícia de Anglet já não cobra em Setembro, dai a razão da diferente afluência (talvez).
Pois pagámos e fomos à praia para um banho reparador de temperatura e massajador de ondas até as 19h. Depois jantar na semovente, e a seguir a volta a pé na praia, passamos pelo restaurante Bounty cheio e animado, e faz-se o inventário das demais autocaravanas que este ano dispõem de mais postos de electricidade…nessa noite de 4 de Setembro, record francês, alguns espanhóis, uma de Andorra a nossa única portuguesa, mais uma belga, uma alemã e uma inglesa… Claro que noite fechada já estava tudo cheio e em excesso de lotação.
Noite silenciosa, clara e aceitavelmente quente.
8º dia:
As 8h. Espreitar a bruma pelas janelas e abrir a porta a aguardar pelo Sol. É domingo, e tudo continuou silencioso ate pelo menos às 9h….por que a esta hora chega o padeiro que toca várias vezes desenfreado a buzina estridente, em duas voltas ao parque, antes de estacionar, portas traseiras da carrinha escancaradas, a mostrar o pão fresco à clientela multinacional a expressar-se em euros. E forma-se a fila de ensonados autocaravanistas.
Passa o tempo e passa a bruma, inunda o Sol, em fundo azul não corrompido por nuvens. O “frigo” parece assustar-se, e deixa mais uma vez de acender o piezo eléctrico. Incentivo para pedir ao vizinho, que chegara a tempo de uma tomada livre, de aceitar um transbordo de corrente por uma tripla, e assim se fintou o frigorífico que de gás, passou a dar frio pela electricidade. Em paga a explicação pedida sobre as áreas de serviço pernoita testadas em Junho na Sardenha… já que o autocolante das 4 cabeças de mouros sardos, denunciavam a nossa viagem anterior.
http://www.slide.com/r/7J0RtjUqzT-HbPdMNWQBvLDVTLvKTHSa?previous_view=mscd_embedded_url&view=original
Fomos depois a pé até ao supermercado vizinho refazer a despensa. E depois com água a 21º, praia, ondas, praia e ondas “non stop”, até as 16h! Depois um repouso de leituras na semovente, e logo que possível a sua mudança para um poste de electricidade directo. Entretanto os amigos que continuavam por Biarritz, vêm também ao banho, e apraza-se um jantar numa esplanada frente ao casino.
Mas entretanto, depois de lido todo Le Monde do dia (excelente a entrevista com Alain Touraine) volta a praia e banhos sucessivos até às 19h, quando os nadadores salvadores abandonam os postos.
Tivemos boleia à ida e volta para a Brasserie Gardares, para jantar e depois volta pelo Casino em que três de nós se tentaram pelas máquinas…sem gozo de ganho. Depois regresso para uma noite gratuita pois a polícia não reapareceu.
9º dia:
8.30h a pé. Espera pelo buzinante e motorizado padeiro. Rotinas feitas, e depois ida até Anglet para mercas e compras, para regressar a Milady já com Sol aberto…por isso a praia abre às 11h em Setembro, isto é os cabos de mar (aqui nadadores salvadores) só aparecem a partir das 11h.
Novamente praia e ondas até às 16h, em mais um dia excepcional. A seguir leituras de descanso na semovente, e mais ao fim da tarde mais uma boleia dos amigos, desta vez para passeata em Bayonne, antes de jantar no apartamento um festim de fim de férias: sopa de marisco, entradas de espargos e salmão fumado, porco asado, tinto da Ermelinda, espumoso francês, queijos “brie”, e de cabra, “foie-gras”, café, bolo de chocolate, meloa, tudo para celebrar as férias e o fim de férias.
Novamente praia e ondas até às 16h, em mais um dia excepcional. A seguir leituras de descanso na semovente, e mais ao fim da tarde mais uma boleia dos amigos, desta vez para passeata em Bayonne, antes de jantar no apartamento um festim de fim de férias: sopa de marisco, entradas de espargos e salmão fumado, porco asado, tinto da Ermelinda, espumoso francês, queijos “brie”, e de cabra, “foie-gras”, café, bolo de chocolate, meloa, tudo para celebrar as férias e o fim de férias.
No regresso ao parque cheio pela noitinha, quase cheio…uma autocaravana portuguesa por lá parava também. Foi esta a terceira noite no parque de autocaravanas Milady e a segunda sem cobrança de taxas. Perfazíamos 48h (o limite local) e por isso, o céu chuvoso e cinza estava a dar também, sinal de partida. Dia seguinte dia de regresso, ficou assente, antes de uma noite de sono bem dormida.
Choveu toda a noite, forte. Acordámos sob chuva persistente e permanente sob céu de luto cinzento e choroso do verão que se foi. Ocasião óptima para reabastecer semovente de águas frescas e alijar as cinzentas e negras, e zarpar depois do pequeno-almoço. E para partir, nem se vêem horas… eram as que foram. A travessia da fronteira e a chegada ao posto de gasóleo de Espanha sem história. Senão a de fazer contas. Assim:
-Contabilizados 972KM andados com o depósito cheio (leva 100L) desde o ultimo pleno depósito em Espanha, e regresso para reenchimento com um total de 86, 69L de gasóleo…logo uma média de consumo de 8,918 L/100. Um recorde desde sempre, e com directa justificação no ritmo de passeio pelas estradas nacionais!
Seguiu-se sob céu fosco, e de chuvas intermitentes, o caminho de rota batida directos a sudoeste, para Mérida, onde pelos jornais era o único local que não chovia, e também porque estava agenda desde o último “tour” de autocaravana uma visita ao Museu Romano.
Antes de Valladolid almoçámos na semovente -alcachofras cozidas na panela pressão com molhos diversos, e salada de atum. Um petisco de viajante. Mas a viagem não teve incidentes nem notas de viagem, sempre por auto-pista gratuita desde Burgos, de modo que chegámos à capital da Lusitânia antes das 18.15h, sempre contra o vento de rabanadas disformes a marcar um consumo apurado de 12.4L/100.
Sem pressas, porque em viagem e pelo telemóvel, tinha-se confirmado que o Museu fechava só as 20.30h – note-se o interesse turístico deste horário, que Portugal só devia copiar aplicadamente. Estacionada a semovente no Parque da Rua de Cabo Verde, que consta em todos os guias conhecidos dos autocaravanistas, foi aproveita o extraordinário Museu Nacional de Arte Romana, ainda mais alindado pelos 100 anos de escavações arqueológicas em Mérida e em véspera do Dia da “Extremadura”. Palavras mais para quê? Excepcional, esmagador impressionante, a não perder (e de máquina fotográfica em punho pois não são proibidas as fotografias! Anote-se ainda que a partir dos 65 anos a entrada é gratuita.
Para saber mais, para saber tudo, e preparar a viagem ver:
Saídos do Museu quase fomos apanhados por uma manifestação contra a Refinaria da Extremadura, com bandeiras regionais (nada da amarela rubra) de organizações ecologistas, e de uma solitária bandeira portuguesa e outra do Partido Comunista. Nada que impedisse o regresso do Restaurante Benito na praça do mercado de Calatrava, e um jantar ligeiro mas agradável na esplanada exterior.
Antes de nos ensonarmos definitivamente, a televisão da autocaravana brindou-nos com excelente visibilidade da emissão da SIC! Um luxo.
11º e ultimo dia:
Em rigor meio-dia, que com mais meio dia da partida somam em rigor 10 dias de viagem e não onze. De facto depois das 12h já estávamos a almoçar em Portugal na Venda Nova no restaurante Pastor (ao lado do Quartel). Belíssima escolha do Guia das Tascas e por uma qualidade, e quantidade imbatível – migas de espargos verdes e secretos de porco por menos de uma nota azulinha.
Acordados pelas 8.30h pela passarada, foi fazer horas até abertura às 9.30h do Coliseu, e do Teatro e Anfiteatro Romanos e das casas fronteiras. Dia 8 de Setembro, “dia da Extremadura”e portanto sinónimo de entradas gratuitas para todos!
(fotos)
http://www.slide.com/r/jm1UW2BP2T8bQaPLrzCTSnvdBYcCBpog?previous_view=mscd_embedded_url&view=original
Excelente fim de viagem, excelentes recordações com algumas dicas que aqui se partilham boamente com quem assim nos entenda!
2 comentários:
Ola Vera e Luís:
Que lindo viajem e bem organizado!
Vamos 2F aos lagos italianos e nas montanhas do Alto Adige (Südtirol)
Um abraço
Bernd
Sempre com interesse e de grande utilidade pelas dicas globais ( AS, AP, comes e bebes, plano financeiro) e prazer de leitura.
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