(Monsaraz, figura do cortejo de Natal)
Voltas e reviravoltas pelo Alentejo na grande ponte da segunda semana de Dezembro de Monsaraz ao Alqueva e Pedrógão, até ao Endovélico.
Dezembro. Mês frio e de sol de inverno. Mas também de nevoeiros. Mês último de um ano de maus presságios senão mesmo de más certezas para ano do fim do mundo de 2012! Mas nem por isso causa suficiente para atemorizar autocaravanistas que honram o axioma que fazem turismo em todos os destinos e durante todo o ano. Ou seja fazem touring na suas voltas e reviravoltas, à cata de paisagens, monumentos, usos e costumes, vivências e gastronomias regionais entremeadas dos locais de pernoita e de estacionamento.
Ora, She and Me a semovente já tinham apalavrado esse fim-de-semana da ponte de 8 de Dezembro para acorrer à pré-inauguração do novo Parque de Turismo de Autocaravanas em Pedrógão do Alentejo sob a denominação registada de Alqueva Camping-Car Park. Umas mãos cheias de amigos aderiram a este desafio, em que os amigos são para as ocasiões!
A pretexto, ainda se divulgou a ideia do Raid Ribatejo (Alenquer) ao Alentejo (Pedrógão) com o colorido de ser do amarelo ao azul das casas, da montanha (Montejunto) à planície (alentejana) do Rio Tejo ao Rio Guadiana, das cidades às aldeias…
E assim chegou 4F véspera de feriado, e após um turbilhão de solicitações profissionais, nas dobras do tempo confirmou-se a possibilidade de uma sortida pacifica com os 147 cavalos do motor da semovente estabulados no Alenquer Camping e prontos a resfolgar ate ao Alqueva Camping-Car Park de Pedrógão.
Assim, She and Me, eu e consorte, previamente munidos da chave dos portões da Herdade onde se encontra as ruínas do Templo do Endovélico nas margens da ribeira do Lucefecit, ao Alandroal, cedidas pela mão amiga do proprietário, pelas 16,30h da tarde convergimos com os sacos de viagem a bordo da Knaus UF700. E logo de seguida num dos dias mais curtos do ano optamos pela Ponte da Leziria e depois pelas AE, “malgré” as portagens direitos a Monsaraz.
Foram cerca de 2 horas de viagem adentro do escurecer da noite. Mesmo a tempo, predeterminado, da pausa de pernoita, previamente assente nas muralhas da belíssima castelã e guardiã das paisagens do Grande Lago de Alqueva. Foi o bisar de um local de eleição para os autocaravanistas itinerantes, onde já se encontrava o companheiro e amigo Capitão Haddock e a sua gentil co-piloto.
O aproximar de Monsaraz foi mágico. Nuvens baixas enroupadas em nevoeiro, criavam um halo luminoso que reflectia as luzes da Cidadela amuralhada que por sua vez a iluminava de forma descendente dos céus opacos. Pena não ter registado o momento, em fotografia.
Eram umas 19.30 justas. Agasalhados e enchapelados, subimos os quatro os contrafortes até à porta virada a Espanha, sem nos cruzarmos com vivalma. O nevoeiro expandia-se friorento, e logo de seguida envolvia as figuras estáticas do desfile natalício que recriava os visitantes ao Presépio de Natal em tamanho natural de figuração em gesso e pasta de papelão ou cartão polícromo.
(figura do presépio de Monsraz de noite e com nevoeiro)
A porta do Lumumba abriu-se quente e convidativa em mesas livres escolhemos a um canto a nossa. Sem hesitações fomos os quatro a duas doses de Borrego ensopado com reforço de caldo a preceito. E mais as azeitonas esverdeadas e gostosas, as fatais de pão guloso, (com encomenda de dispensa de um exemplar para o pequeno almoço seguinte) acompanhadas do tinto Carmim como vinho da casa, tudo por casal, por uma azulinha, a que só faltou apor um carimbo “ gasta por um autocaravanista em viagem!”. A sobremesa inclui conversação diversa ate que voltamos a enfrentar uma friagem ríspida a caminho das autocaravanas, para umas ultimas leituras de jornais antes da deita.
Amanheceu o ferido de 5F dia 8 brumoso e denso. Mas pelas 7.45k já o relógio biológico despertava-nos. As persianas abertas deixaram entrever aquela luminosidade espessa e leitosa do nevoeiro, e ligado o aquecimento deu-se seguida ao ritual matinal…higiene…pequeno almoço de torradas e café e volta a pé de reconhecimento de horizonte submerso na névoa.
Á mesa mapas desdobrados para traçar a prancha da rota. O “earthship” do Capitão Haddock sob o signo de amigo não empata amigo, seguiria em separado ao porto de abrigo de Pedrógão. Mas lá nos cruzamos na Aldeia da Luz, onde pernoitaram vários autocaravanistas.
O nosso caminho levou-nos a Amareleja, que não conhecíamos ainda. Nota positiva! Vila agradável a preparar o Festival do Vinho que visitámos ainda a erguer e a decorar stands. Vislumbrámos ainda no horizonte a enorme parque de painéis de energia solar com ar de instalação extraterrestre, e a azáfama do lagar de azeite local a receber a descarga de carradas de azeitona. Depois sempre em vagarosa velocidade de cruzeiro chegamos a Moura para comprar de fim-de-semana no Intermarché. Tudo atempo para depois rumarmos à Cantina da Orada para um almoço, rodeados de caçadores.
Como habitualmente fomos recebidos pela Dona Bárbara anfitrião que já reconhece os autocaravanistas que a procuram. E saltaram para a mesa as azeitonas o queijo, o chourição e presunto de entradas como tinto da casa de Pias, para depois se dar sumiço a um dos pratos do dia de meia de vitela estufada, e outra de carne de poço a alentejana, com sobremesa de bom melão e café. Notas de euros, foram-se 3 cinzentinhas.
Sete KM depois entrámos na ponte do Guadiana, e de seguida no Parque de Turismo de Pedrógão já com as placas de sinalização descobertas e os portões abertos. E o guarda Sr. Miguel a receber-nos. A pouco e pouco foram chegando o Capitão Haddock, o Prof Caseiro, o Rui, o Cardoso e co-pilotos, etc. Ficamos logo cinco autocaravanas viradas ao balcão do Guadiana a com vistas sobre a albufeira formada pela Barragem de Pedrógão, virados a nascente! A tarde decorreu ligeirinha ate ao por do sol pelas 17,15h, coma Lua e a neblina a avançar pelas 18h com alguma humidade, é certo. Jantares em cada uma das AC, leituras e sono.
Na sexta-feira, dia de ponte quem trabalhou chegou só ao anoitecer, e durante o dia os presentes desaparecerem na ciclovia a caminho de Pedrógão distante a menos de 1Km, na compra do pão e de carnes para o almoço de sábado no mercado, a a levantar os enchidos encomendados de porco preto, ao Faustino Quarenta, em percursos pedestres ate a Barragem e aponte e outros, de autocaravana a explorar os arredores ate Mértola, Beja, São Cucufate, etc. Almoço para quem quis e se inscreveu no Charrua com Dona Rosa a organizar o repasto: duas açordinhas de bacalhau para quatro, com dupla dose de coentros e bem alhadas, e vinho e entradas, por casal por uma azulinha de euros, com direito a um par de troco.
(açordinha de bacalhau alhada e ovos com coentros de Dona Rosa Charrua)
A tarde foi decorrendo mansa, com mais passeios pedestres, mais descansos, mais conversatas e explicações sobre o projecto do Alqueva Camping Resort que inclui ainda um rural Camping, um Bungalow Village Hotel, uma quinta pedagógica e uma nova pista clicável ate a estrada municipal da barragem já visível no terreno, e um possível eco-museu do fabrico do carvão vegetal, típico da região.
Evidentemente que havendo já tradição de pesca no Rio Guadiana na zona de Pedrógão, e de canoagem, seria interessante adicionar ao local (entre a ponte e a barragem de Pedrógão) mais um pólo de interesse a constituir por uma praia fluvial aproveitando os regolfos da margem esquerda ou direita do Guadiana. Mas esta sugestão só será viável se as autoridades com intervenção no terreno pudessem colaborar na sua concretização, ou seja, a EDIA e a CM da Vidigueira! O Futuro o dirá!
( praia fluvial da zona do Pinhal)
Antes do sol cair, a dinâmica presidente da Junta de Freguesia de Pedrógão, Peregrina Paixão compareceu no Parque de turismo para autocaravanas para proceder a visita as instalações que percorreu com interesse, incluindo as duas mesas de pic nic dos autocaravanistas, os cadeirões de pedra de She and Me da Ines e Carolina, a recepção incluindo a parte de escritórios, e a parte de habitação do guarda, e todos os demais equipamentos incluindo a zona relvada do solário, o barbecue, a estação de serviço, e assim descerrou-se a bandeira nacional que encobria os azulejos do Miradouro das Co-pilotos!
(Peregrina Paixão, Presidente da Junta de Pedrógão discursa na pre inauguraçao)
Entretanto chegava ao fim a tarde de 6F com o Sol ja deitado sob o seu cobertor de trevas, e mais amigos autocaravanistas forma chegando…o Marques, o Pedro Canavilhas, o Filipe Seco…todos a tempo de acender um fogo em tambor estilo “homeless” para queimar madeiros, e à volta da fogueira, aquecer almas e corações e até estômagos com grelhadas sucessivas de alheiras, de chouriças e de chouriços de porco preto, e branco etc. no barbecue do Parque, regadas claro a rodadas de tinto de diversas origens e proveniências…incluindo do Algarve, ao mesmo tempo que conversas amigas se mostravam infindáveis, num são convívio de companheirismo entre pessoas que se estimam. A Noite em Paz e Tranquila quase de Lua Cheia chegou por fim para todos serenarem os seus sonhos.
(Recepção e casa do guarda do Parque)
Sábado irrompeu totalmente invadido por uma neblina fluvial que escondia o Rio.e por vezes mesmo as vistas para Pedrógão! Só não obscureceu as carrinhas dos padeiros ( da nova padaria do Charrua e da padaria do Engrola dos Irmãos Carapetos) que chegaram em duas vagas, as 8.30h e as 9.30h cheias de roscas, pupias, bolos e pão de cabeça alentejano. Formaram-se as filas disciplinadas dos esfomeados e gulosos autocaravanistas!
Pelas 12h chegaram os amigos sem autocaravana daqui e dali, ou seja de Lisboa, da Vidigueira, de Alcaria e de Mourão e descerrou-se pela segunda vez a placa dos azulejos encimada pela peça de mármore em V, que assume múltiplos significados, desde o obvio da homenagem ao feminino, ao V de homenagem à co-piloto Vera, ao V de Vale de poejos como é conhecida a zona, até mesmo ao V de Vidigueira! Desempenhou-se e bem da tarefa a Presidente do TCA-Touring Clube de Co-pilotos e Autocaravanistas, Encarnação Santos.
(Encarnaçao Santos, Presidente do TCA)
E Houve discursos, e aplausos! E no final da cerimónia singela, entregaram-se aos presentes as chaves do autocaravanistas que tinham sido adquiridas, respectivamente pelo Presidente do MIDAP (entregue pela Vice Presidente do TCA) e ao Capitão Haddock entregue pela Presidente do TCA. Ponto alto também o sorteio das prendas de Natal com base no intercâmbio previamente acordado de presentes, um por autocaravana e no maximo valor de 5€…distribuídos do saco por um personagem identificável pelo barrete natalício.
(Barbecue para autocaravanistas disciplinados gozarem as AC a 100%)
De imediato, concluída a cerimónia singela veio a bênção dos Céus! Uma chuva miudinha determinou rapidamente a passagem ao plano B para o Almoço, que em vez de ser feito a volta das duas mesas de pedra, teve que se organizar a roda de autocaravanas com os toldos abertos e com mesas e cadeiras postas como sede um concurso de tasquinhas se tratasse!
Mas correu tudo bem para os 28 talheres presentes! Pelo menos assim foi dito por unanimidade, em que para alem dos pratos de resistência de grelhados, chegaram à mesa de todos também os contributos de cada um segundo principio básico da tertúlia do facebook “Uma autocaravana e um Café” de que cada um leva do seu, e come de todos. Assim foi!
(Autocarvanas viradas em tasquinhas de petiscos ao almoço)
O convívio prolongou-se por toda a tarde ate que o Sol se pôs, e, Sol-posto irradiou pálida a Lua cheia, que antes sofrera um eclipse não vislumbrado pelo nevoeiro que não deixou. Chegara então o tempo da Celebração do Solstício de Inverno a volta de uma fogueira e conduzido por um Mestre Escolhido, de cabeça coberta, e de archote e vestes negras.
Jantares houve diversos, dentro e fora das autocaravanas sempre na observância da segunda regra de outro da Tertúlia do facebook dos autocaravanistas; “Amigo não empata Amigo”. E depois a noite submergiu silenciosa o que o nevoeiro entretanto destapara.
Chegou domingo dia de partida, e sem padeiros de buzinadelas a anunciar pão e biscoitos. Alvorada mais clara pelas 8.30h, e depois partimos alguns (os engenheiros) ao encontro de outros que seguiram por Portel e Alqueva, enquanto nós e Filipe optamos por ida através de Moura, e depois directos ao Castelo e Vila de Terena, para ver o dito e o Mosteiro de Nossa Senhora da Anunciação, que constitui uma agradável surpresa. . Reunimo-nos todos no Alandroal para uma refeição numa mesa de oito nos Ramalhos, em tom de fim de festa, ou seja pelo dobro do preço mais alto praticado por casal. Mas recomenda-se o ambiente, a qualidade, e as sobremesas.
O dia encerrou as anotações com a visita e vista das ruínas do Templo do Endovélico, que só a imaginação e a curiosidade encontram referências no solo. Mas o local é surpreendente (lembra a vila romana de Enserune sobre Béziers em França). A vista sobre a barragem do Lucefecit merece também a deslocação e as pedras talhadas, em muros escarpados, relembram a possibilidade de civilizações do paleolítico como possivelmente as primeiras a ocupar o local. Foi a chave de ouro desta ponte de autocaravanismo no Alentejo, que fechou as notas do Moleskine.
(Poucas ruinas do Templo do Endovélico)
Depois, cada um pelas suas rotas regressou às origens acompanhado das memórias valiosas de uma experiencia bem sucedida com que se encerra o ano de 2011, com um pensamento positivo para todos aqueles que enfrentam forças e tensões adversas, que se espera sejam contidas neste ano de 2012 em perspectiva pelos bons espíritos autocaravanistas…
(Alqueva Camping-Car Park de Pedrógão....para casais e familias autocaravanistas itinerantes)
(Adega dos Ramalhos no Alnadroal)
(Mosteiro de Nª Sra da Anunciação em Terena)
(Duas Ac estacionadas frente ao chaparro da frente norte)
(Na fila para a carrinha do pão)
(Ciclovia à vista)
(Autocaravana sob a sinalizaçao do Parque de Turismo para AC de pedrógão)
(Amareleja Feira Vinica)
(Autocaravanas sob o nevoeiro em Monsaraz)
(O Grande Lago das barragens de Alqueva e Pedrógão)
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