Ora bem.
Há semanas de trabalho com ou sem stress, mas que conduzem a uma exaustão acumulada. E há períodos de tempo como aqueles que atravessamos, em que a sensação de limitação de horizontes, nos abafa ânimos. Não será assim? Nessas alturas há que recorrer a um escape, e aqui há panóplia larga de antídotos. Desde as mezinhas, mais ou menos farmacopeias, até formas diversas de alienação.
Uma solução para os mais jovens está também nos grafittis, em tentar trocar solidão e isolamento por revolta e revolução, como vimos nos muros a caminho da Universidade em Coimbra, e muitos anos antes no Maio de 1968 em Paris onde se escrevia "É proibido proibir!"
Uma outra terapia geracional distinta, e possível é viajar, e decididamente, para quem pode aceder ao usufruir de uma autocaravana, mesmo que alugada por um fim-de-semana apenas, encontra aqui solução para males do tempo, com regeneração de forças para enfrentar mais um mês seguido de anúncios de novas crises.
No caso, já tínhamos agendado uma saída por estas alturas, finais de Novembro, antes da corrida que é sempre o derradeiro mês do ano. E a ideia, para além do rumar ao Algarve a rever amigos e parentela, foi a de somar outros pretextos…feira da batata-doce em Aljezur, mostra gastronómica de Messines.
Mas o homem põe, e Deus dispõe. Borrascas com epicentro na Madeira, que desta vez pela meteorologia rendeu os Açores, ameaçavam o Algarve. Chuva, frio, ventos fortes, e outras inclemências fustigavam um destino apetecido. Então, a solução está à vista, rumo ao Centro, novamente She and Me com a semovente, a Knaus autocravana já com quase 70.000Km rodados. Vamo-nos aos mapas, e ao fórum habitual do campingcarportugal consultar a base de dados agora conjunta CPA-CCP, e fica delineado o itinerário: saída de Alenquer, Coimbra e regresso por Almeirim.
(area de pernoita por 24h no Parque Verde em Coimbra)
Para além disso, preparar para sair mesmo a uma sexta e de manhã, num super american week-end. Largada dos Estoris, depois do expediente da correspondência e outras tarefas directos em veiculo quotidiano para o Alenquer Camping, aqui a mudança de volante e gabarito, e já eram pelas 11.30 que se percorreu, lesto, o caminho para a A1. Opção inevitável para estar à hora de Almoço no Rui dos Leitões. Este endereço, pré escolhido via Google, ainda em casa, foi sendo afinado por telemóvel em contacto com o Filipe e com o outro Rui, como sendo a escolha acertada.
E foi, segunda saída para Coimbra Norte, e depois rumo a Fonte da Vilela, Fornos, e ao virar uma curva lá em baixo pela aglomeração de carros estacionados, mesmo ao lado da Campilusa, lá estava a alternativa à Bairrada: Rua da Barraca 9, Fornos, TORRE DE VILELA.
Estacionados, depois de uma volta ao redondel, e ao fim de 2h de auto-estrada de caminho, fomos a uma mesa, disponível de imediato, pois já saíam os comensais da primeira rodada, e logo a mordiscar azeitonas e pão, a aguardar a escolha do frisante (Anadia) e o meio kg do leitão estilo assado da Bairrada, com batatas fritas palito, salada.
O ambiente do Rui dos Leitões é moderno, funcional e eficiente. Tem nota agradável, e a qualidade idem. Preço? Pois as tais 500gr não chegaram à gula da qualidade, e assim mais um reforço encomendado fez chegar a conta dos dois, a uma nota azulinha, mais uma rosinha, e ainda outra cinzentíssima. Se mais contidos, não chegaríamos aos trintas.
(Claustros do Lorvão)
Sem pressas, durante o almoço gizou-se o plano final. Dali, para O Mosteiro do Lorvão depois até Penacova, onde brevemente vai ser inaugurada uma área de AC, depois se veria onde pernoitar, mas a hipótese Coimbra avantajava-se claramente, face a uma hipótese alternativa de Conímbriga ou mesmo Condeixa. O regresso ficaria apontado para uma sopa de pedra em Almeirim.
Rumo pois, ao Lorvão bem assinalado na estrada. Lá chegados mandava a curiosidade saber da área de estacionamento e serviços para as autocaravanas. Lá estava, mas o estacionamento fácil foi nos lugares (3) reservados a autocarros, e vazios. Tempo cinzento e muito húmido durante todo o tempo de busca e vista ao Monumento eclesiástico. Fomos a pé pela rua estreita de sentido alternado por semáforos, e logo no largo nos apareceu o guia, devoto professor de história, desempregado e natural de Lorvão.
Preço de vista, para a idade e condição dos visitantes 1 euro cada, incluindo a visita guiada completa aos claustros, ao tesouro, museu, sacristia, sala dos cadeirais, transepto. Faltou ver o coro e o órgão desmontado para reparação. A explicação de cada quadro, cada pedra, cada túmulo e outros incidentes, foi debitada numa récita por vezes difícil de seguir, mas que foi sendo documentada por fotos, enquanto se registavam os primórdios do Lorvão do tempo visigótico, bem antes da nacionalidade. O que vale é a possibilidade de rever tudo depois e com calma face aos web sites:
(cadeirais)
Depois, foi o caminho a descer até ao rio, sinuoso pela floresta, e de seguida passar por Penacova cá em baixo. Do lado direito a praia fluvial e o parque de campismo, e arriba acima, a povoação, os bombeiros, GNR e o local da futura área de AC. Fica para outro dia marinhar ao alto onde a recomendação do Restaurante Panorama fica a aguardar melhor oportunidade.
Optamos antes por atravessar a ponte e pela margem esquerda do rio percorrer a longa e velha estrada das Beiras até Coimbra. Nada de especial, mas era um percurso a cumprir, até que chegámos a Coimbra pela via nova de continuação da ponte de Stª. Isabel. O GPS não tinha cartografado o Parque Verde da margem esquerda da cidade, onde ficava a área de AC. Por isso voltas e reviravoltas, enganos suplementares na curva de regresso pelo Portugal dos Pequenitos, com reentrada pela praça da portagem.
(ponte pedonal, na margem esquerda junto a sua entrada fica o parque de AC)
Novo engano, já noite caída coma informação do empregado da bomba de combustíveis que disse despachado, o caminho para o parque de campismo, como sendo o parque de autocaravanas.
Enfim, mais umas voltas a rotunda e lá se descortinou na rotunda a seguir à ponte nova, (de quem vem do sul) sem sinalização explícita, na segunda saída à direita, o estreito caminho paralelo ao Rio, que conduzia as piscinas municipais, ao clube fluvial e entre uma e outra coisa, ao parque de estacionamento das autocaravanas do parque Verde. Está sinalizado só quando já não é precisa sinalização!
Já lá estavam umas quatro autocaravanas (três nacionais e uma holandesa) que connosco e mais duas que chegaram depois, perfez a meia dúzia. Nada de electricidade, nada de esgoto de águas cinzentas, nada de facilidade de ligação para água potável, senão à força de jerricans e idas e vindas… enfim, positivo que haja esta facilidade, incluindo despejo de cassetes, e gratuita, mas é negativa a falta de sinalização adequada, e de um espaço capaz de estação de serviço para despejos de águas cinzentas e de reabastecimento de águas limpas. Estacionamento limitado a 24h, que poderia ser alargado para as 72h na estação baixa…!
(painel da estaçao de serviço)
Positivo também, o enquadramento das zonas verdes, mas negativo o desenho dos lugares de estacionamento, estreitos e pouco compridos, pois foram delineados para as normais viaturas de turismo. Porém, mais vale isto que nada! Quanto á distância do centro, para nós que somos andarilhos e caminheiros, peregrinos turistas, nada de excessivo, pois existe uma ponte pedonal que permite cruzar o Mondego e passar para a margem direita, e por aqui atravessar a zona dita “das docas de Coimbra”, e logo depois o centro downtown, e dai trepar até a Universidade seja pelas couraças de Lisboa e da Estrela seja pela rua do Quebra Costas a partir da Porta Almedina.
Pois foi isto que fizemos quer na sexta quer depois no sábado.
(Almedina)
Saímos da AC a pé, e cumprimos o caminho da ponte em Direcção à cidade, onde chegámos pelas 19.45h já tudo fechado e as ruas de peões desertas. Porém a impressão de quem já não ia a Coimbra há umas boas dezenas de anos é positiva. Limpeza, boa sinalização, Monumentos e Igrejas cuidadas.
Aqui ficam as pistas necessárias ao visitante:
Carta dos Monumentos Nacionais do Centro Histórico
Ficha de apoio à carta Monumentos Nacionais do Centro Histórico
Carta dos Imóveis de Interesse Público e Interesse Municipal
Ficha de apoio à carta de imóveis de Interesse Público e de Interesse Municipal
Carta de imóveis em vias de Classificação do Centro Histórico
Ficha de Apoio à Carta de Imóveis em vias de classificação do Centro Histórico
Carta dos Imóveis e/ou espaços de Interesse Histórico e Arquitectónico do Centro Histórico
Ficha de Apoio à Carta dos Imóveis e/ou espaços de Interesse Histórico e Arquitectónico
Carta das Repúblicas,Residências Universitárias e Casas Comunitárias do Centro Histórico
Ficha de apoio à Carta das Repúblicas, Residências Universitárias e Casas Comununitárias Património Edificado, classificado e respectivas áreas de protecção
Arco e Torre de Almedina
Casa Medieval
Colégio São Pedro
Hospital Real
Igreja da Graça
Igreja de Santa Cruz
Igreja de Santa Justa
Igreja de São Bartolomeu
Igreja de São Salvador
Igreja de São Tiago
Igreja de Santo António dos Olivais
Igreja e Colégio do Carmo
Jardim da Manga
Santa Clara-a-Nova
Mosteiro Santa Clara-a-Velha
Pelourinho
Sé Nova
Sé Velha
(Sé Velha)
Deambulou-se pela Porta Almedina pela Igreja de São francisco, de São Tiago, pela praça velha e até que a fome aconselhou penetrar sempre por Ruas pedonais, pela Rua das Azeiteiras, com restaurantes Porta sim, porta sim, de todos os preços desde os mais modestos até ao moderno e da moda Don Giuseppe. Ficámo-nos pelo A Viela, duas pessoas por menos que três cinzentíssimas euro-notas, o suficiente para dois pratos, um de peixe-espada preto, outro de febras, excelentes, mais o vinho branco frisante, e doce, a sopa, a água, o pão e aos trocos para a caixa. O suficiente para She and Me.
O regresso foi feito pelo exacto caminho inverso, embora sempre ao longo do Rio, margem direita acima, até refazer a bem lançada ponte pedonal. De volta à semovente foi de ver o televisivo de algum noticiário: aprovação do orçamento pela AR, e guerra cívica na favela do Alemão, no Rio de Janeiro a marcar a actualidade. Depois o sonho sossegado de uma noite que não foi fria pelos agasalhos.
( Barca andor da Nª Sra da Boa Morte na Sé Nova)
(República de estudantes do Kágados)
Amanhecer sonolento, pelas 8h habituais, e ar fresco aberta a porta para ligar o gás. Torradas com pão excelente trazido do Rui dos Leitões, e após fotos dos companheiros noctívagos, partimos de novo a pé à reconquista da cidade, até ao planalto da Universidade. Passagem pelo Largo da Sé Velha e da Sé Nova, pelo exterior do museu Machado d e Castro, pelas Repúblicas de Estudantes dos Kágados e dos Prákistão com as suas varandas decoradas de bric-à-brac, pelo pátio da Universidade, pela Torre (com cabra do sino que acordava estudantes estremunhados de noitadas de serenatas da vida boémia).
Percurso completo de subidas tipo escalada, e depois descidas down hill, mas a pé, até parar na Pastelaria Montanha do Largo da Portagem para um café, e um pequeno reconforto alimentar, para ganhar alento para mais uma kilometragem até cruzara ponte de Stª Clara, e espreitar o Convento de Stª Clara a Velha.
Retomamos o Parque Verde pelo túnel subterrâneo, já com muita boa gente a fazer remo, andar de bicicleta e em jogging. Retomámos a semovente e partimos deixando 4 autocaravanistas portugueses, que o holandês já abalara.
(Mosteiro de Sta Clara a Velha)
Fizemo-nos a estrada nacional sem pressas. Directos a Condeixa, depois obliquámos para Penela. Bonita vista do Castelo quando nos aproximámos na curva da estrada, e estacionados no largo logo da entrada, foi escalar até ao cimo, para vistas e fotos, Claro…que os serviços de turismo estavam fechados a um sábado de manhã (contrariamente aos de Coimbra). Interessante a Torre de Menagem e os arranjos exteriores de barbacãs de madeirame que complementam e bem as muralhas.
(Castelo de Penela)
Depois foi rumar a sul, direitos a Almeirim a buscada famosa sopa da pedra. Recomendação, fora a de procurar um restaurante junto à praça de touros, onde aliás estavam estacionadas mais umas cinco autocaravanas itinerantes. A escolha recaiu no Pinheiro. Mais uma vez escolha acertada!
A Sopa da Pedra estava como era de tradição substanciosa, nutrida de carnes e saborosa, mas de pedra nem nada, nem um seixo de rio… e depois, meia dose de bacalhau assado com batata de murro, vinho de Almeirim, água, pão e azeitonas, café, tudo junto por dúzia e meia de euros os dois! Nada a acrescentar de mais, pois os que saíam (quase todos) de embrulhinhos de restos de refeição em caixas de plástico, ou outras, eram aqueles que decerto tinham pedido uma dose por pessoa, quando pelo gigantismo destas, e depois da sopa, meia dose é mais do que suficiente…
(Sopa da Pedra)
Para esmoer, volta a pé e compras de batatas novas, saca de 5kg pela cinzentíssima homónima, ali nos lavradores com banca estendida nos estacionamentos da Praça de Touros.
(Venda saloia de rua em Almeirim)
O regresso sempre pelas nacionais não teve história, de Almeirim seguiu-se caminho pela ponte Salgueiro Maia para a margem direita do Tejo, e depois foi seguir sempre em descida para Azambuja e Alenquer.
Aqui, chegámos a tempo de encontrar Helena Reynaud, a nova responsável pelo Bar do Além (e pela sua droping zone de bookcrossing) a marca registada já com mais de um decénio, que identifica também a sala de convívio do Parque Alenquer Camping (www.dosdin.pt/camping) e onde se realizam as tertúlias mensais, sob a forma de almoço debate.
Sábado dia 4, lá se voltará a Alenquer, pelas 12h, para moderar a última tertúlia deste ano sob o tema Mistérios e Segredos do Vaticano. Orador, Luis Rocha, o escritor português mais vendido nos EUA, com mais de 500.000 livros! Quem esteja interessado, que se mexa, a lotação é limitada e só se aceitam inscrições pelo e-mail bar.do.alem@gmail.com tema: