quarta-feira, março 30, 2011

O que tem a ver o comportamento dos autocaravanistas na estrada e nos foruns, com a teoria das janelas partidas?



TEORIA DAS JANELAS PARTIDAS da Universidade de Standford nos EUA

(ou da necessidade de autodisciplina, auto-regulação, moderação e mediação
para melhorar a imagem do autocaravanismo, para além de legislação, sinalização e sua aplicação por autoridades esclarecidas)



Em 1969, na Universidade de Stanford (EUA), o Prof. Phillip Zimbardo realizou uma experiência de psicologia social. Deixou duas viaturas abandonadas na via pública, duas viaturas idênticas, da mesma marca, modelo e até cor. Uma deixou em Bronx, na altura uma zona pobre e conflituosa de Nova York, e a outra em Palo Alto, uma zona rica e tranquila da Califórnia.

Duas viaturas idênticas abandonadas, dois bairros com populações muito diferentes e uma equipa de especialistas em psicologia social estudando as condutas das pessoas em cada sítio.Resultou que a viatura abandonada em Bronx começou a ser vandalizada em poucas horas. Perdeu as jantes, o motor, os espelhos, o rádio, etc. Levaram tudo o que fosse aproveitável e aquilo que não puderam levar, destruíram. Contrariamente, a viatura abandonada em Palo Alto manteve-se intacta.

É comum atribuir à pobreza as causas de delito. Atribuição em que coincidem as posições ideológicas mais conservadoras, (da direita e esquerda). Contudo, a experiência em questão não terminou aí, quando a viatura abandonada em Bronx já estava desfeita e a de Palo Alto estava há uma semana impecável, os investigadores partiram um vidro do automóvel de Palo Alto. O resultado foi que se desencadeou o mesmo processo que o de Bronx, e o roubo, a violência e o vandalismo reduziram o veículo ao mesmo estado que o do bairro pobre.

Porquê que o vidro partido na viatura abandonada num bairro supostamente seguro, é capaz de disparar todo um processo delituoso?

Não se trata de pobreza. Evidentemente é algo que tem que ver com a psicologia humana e com as relações sociais.

(um acto antissocial não reparado, origina a degradação)


Um vidro partido numa viatura abandonada, transmite uma ideia de deterioração, de desinteresse, de despreocupação que vai quebrar os códigos de convivência, como de ausência de lei, de normas, de regras, como que vale tudo. Cada novo ataque que a viatura sofre reafirma e multiplica essa ideia, até que a escalada de actos cada vez piores, se torna incontrolável, desembocando numa violência irracional.

Em experiências posteriores (James Q. Wilson e George Kelling), desenvolveram a 'Teoria das Janelas Partidas', a mesma que de um ponto de vista criminalístico, conclui que o delito é maior nas zonas onde o descuido, a sujidade, a desordem e o mau trato são maiores.

Se se parte um vidro de uma janela de um edifício e ninguém o repara, muito rapidamente estarão partidos todos os demais. Se uma comunidade exibe sinais de deterioração e isto parece não importar a ninguém, então ali se gerará o delito.

Se se cometem 'pequenas faltas' (estacionar-se em lugar proibido, exceder o limite de velocidade ou passar-se um semáforo vermelho) e as mesmas não são sancionadas, tão logo começam as faltas maiores, e logo delitos cada vez mais graves. Se se permitem atitudes violentas como algo normal no desenvolvimento das crianças, o padrão de desenvolvimento será de maior violência quando estas pessoas forem adultas.

Se os parques e outros espaços públicos deteriorados são progressivamente abandonados pela maioria das pessoas (que deixa de sair das suas casas por temor aos gangs), estes mesmos espaços abandonados pelas pessoas são progressivamente ocupados pelos delinquentes.

A Teoria das Janelas Partidas foi aplicada pela primeira vez em meados da década de 80 no metro de Nova York, o qual se havia convertido no ponto mais perigoso da cidade.Começou-se por combater as pequenas transgressões: graffitis deteriorando o lugar, sujidade das estacões, ebriedade entre o público, evasões ao pagamento de passagem, pequenos roubos e desordens. Os resultados foram evidentes. Começando pelo pequeno detalhe, conseguiu-se fazer do metro um lugar seguro.


Posteriormente, em 1994, Rudolph Giuliani, mayor de Nova York, baseado na Teoria das Janelas Partidas e na experiência do metro, impulsionou uma política de 'Tolerância Zero'.

A estratégia consistia em criar comunidades limpas e ordenadas, não permitindo transgressões à Lei e às normas de convivência urbana.O resultado prático foi uma enorme redução de todos os índices criminais da cidade de Nova York.

A expressão 'Tolerância Zero' soa a uma espécie de solução autoritária e repressiva, mas o seu conceito principal é muito mais a prevenção e promoção de condições sociais de segurança. Não se trata de linchar o delinquente, nem da prepotência da polícia, de facto, a respeito dos abusos de autoridade deve também aplicar-se a tolerância zero.

Não é tolerância zero em relação à pessoa que comete o delito, mas tolerância zero em relação ao próprio delito.Trata-se de criar comunidades limpas, ordenadas, respeitosas da lei e dos códigos básicos da convivência social humana.

Nota da Newsletter: Seja nos foruns de autocaravanismo, evitando-se e corrigindo a linguagem desbragada, insultuosa, e agressiva, que constitui delito e crime de abuso de liberdade de imprensa, de ofensa ao bom nome, injuria ou difamação, seja na estrada, limitando-se e intervindo contra os acampamentos ilegais, o autocampismo, e os crimes de abuso de estacionamento e pratica de crimes ambientais, com despejos ilegais, etc. a teoria das janelas partidas tem um grande campo de aplicação por quem tem autoridade para velar por regras de comportamento civico e legitimo, sem os quais a vida em sociedade se torna uma selva, e afasta a participção por parte de quem se interessa pelo progresso social e pelas ideias e ideais portadores de futuro.

4 comentários:

JRFIRMINO disse...

Boa noite!

Fabuloso texto.

Recordam-se que aqui há uns anos, quando Giuliani esteve em Portugal e viu a enorme quantidade de borradelas nas paredes (há pinturas, poucas infelizmente, que são autênticas obras de arte), chamou a atenção das autoridades para isto ser um prenúncio do aumento de criminalidade?
Pois é, ninguém lhe ligou.

Michel Rodrigues disse...

Grande texto, parabens, isso chama-se acabar logo com o mal antes que eles(os prevadicadores e os seus cobardes seguidores) ganhem força e depois pensam que é um direito adquirido e é só direitos.
Abraço
MCR

mjotamota disse...

Excelente !!!

mjotamota disse...

Excelente !!!