Três dias de Férias de Pascoa 2010 no Algarve.
(Entre Portimão e Alcoutim, em autocaravana, apartamento turístico rolante)
Foi na 4f, 31 de Março, dia de estranha instabilidade do blog Newsletter e do e-mail de acesso, que de acordo com o Sistema internacional Alexa via confirmada a sua audiência cimeira: Nessa madrugada estava em 7.949.682 lugar a nível mundial, distante pois de outros dois blogues portugueses de autocaravanismo, igualmente muito vistos, o do CAB em 10.096.982 e o Papa-léguas em 13.609.978 lugares, respectivamente.
Pois em dia de intensas reuniões de fim do primeiro trimestre, a coincidir com prementes trabalhos profissionais, estava agendada, antes da tarde cair, uma saída de autocaravana, para os Algarves por razões sazonais e de ordem familiar: um sobrinho em Portimão, uma tia em Vilamoura, uma neta em Vila Real de Stº. Antonio, e Páscoa “oblige”! Ocasião também para rever amigos, claro.
Eram então 17,45h rigorosas e estávamos a sair da toca…isto é do Alenquer Camping (www.dosdin.pt/camping) onde a semovente fica estacionada quando não está a rolar, e de imediato rumo a Ponte da lezíria e assim sucessivamente para sul, desta vez sempre pela auto-estrada em velocidade moderada, com trânsito escorrido, a cerca dos 110k/h. Exactamente e pelo relógio, eram passadas 3 horas, (nem reabastecimento foi necessário) e estávamos a sentarmo-nos a mesa, a consorte e o com sorte, às 20.45h na “Nossa Tasca”, de Portimão, em Palheiros, escolhida de acordo com o indispensável guia das tascas editado pela Brisa.
Até lá nada de anotar, sempre a deslizar pela via, sem parara (via verde assim o permite) sob a luz solar aumentada já com a mudança da hora de verão, com a diferença de luminosidade, e com estranhas formas de nuvens negras, já no Algarve a sustentar oníricas interpretações de imagens antropomórficas…
Pois então foram uma dose de ensopado de javali, vinho da casa, pão e azeitonas, agua, e bolo de sobremesa por uma azulinha e alguns pretinhos metálicos. Tudo impecável, o que se recomenda, até porque o estacionamento também é fácil.
A seguir rumo a zona dos Três Castelos, contorno da fonte de repuxo, e depois na primeira rotunda o retorno a entrada da rua do mesmo nome, junto a Av. das Comunidades Lusíadas, chegada ao nosso estacionamento preferido de Portimão (o outro fica no parque de entrada da marina). Aqui ficam as coordenadas GPS:
N- 37, 11986º ou… N- 37º, 07´, 11,29´´
W- 8,54784º ou… W- 8º, 32´, 51,17´´
Casa não cheia nos dois estacionamentos, de uma urbanização que a crise vai adiar “sine die”, e assim ficámos no primeiro, entre muitos outros autocaravanistas itinerantes e bem comportados…nenhum sinal de toldos abertos, nem fogareiros fumegantes, nem espaços desperdiçados, nem roupa a secar, nem auto-campismo, entre muitos estrangeiros e escassos portugueses. Note-se aliás, que este estacionamento é (bem) tolerado pelas autoridades municipais e policiais, e dispõe de esgoto… (ver foto) e por isso a higiene da Natureza não é conspurcada.
Para esmoer o jantar e desentorpecer as pernas da viagem abalançamo-nos ao passeio marítimo pelas arribas desde os Três Castelos ate ao Casino. Noite fresca, lua cheia, e passeios cheios de espanhóis.
De regresso à semovente uma espreitadela a TV com boa captação de imagem com a antena simples de que se dispõe. E depois, cama.
5f, 1 de Abril.
Nada de mentirinhas do primeiro de Abril. O noticiário parece quase todo ele mentira…como é possível ouvir-se o que se ouve…submarinos a emergirem, políticos ao fundo, o Papa em apuros, a política de rastros…
Fomos acordados por grasnidos de gaivotas que ali perto realizavam uma assembleia de discussão e zaragata do respectivo PEC, ou bec, bec… e foi sob esse som de algazarra penada que se comeu o pequeno almoço, de pão fresco torrado…pois chegou a carrinha do padeiro e ao buzinar estridente, a consorte, agora despenseira atenta, e co-piloto, foi-se a ele, arremetendo-o armada de porta moedas em riste, e a arrebatar aquele maná de bom pão fresco, e fatiado, entre várias outras autocaravanistas que ao mesmo acorreram com ar de “habitués”. O Sol a jorros entretanto já benzia tudo e todos.
Ronda feita aos locais e fotos de documentação para registo de memória futura, e depois telefonema de um amigo autocaravanista colaborador e e leitor do Blog Newsletter, colaborador de fóruns e companheiro amigo. Ficou então aprazado um encontro à meia hora (meio dia e meia hora) para um almoço entre casais.
Até lá, novo “footing”, desta vez pelo areal da praia, em maré baixa, com o mar às arrecuas, e até ao termo, quase, depois a compra do jornal e no “irish eye”, a esplanada da arriba, para café de vagares, e de leitura com vagar das noticias já cuspidas pela televisão. Impressionante as patrulhas de turistas espanhóis com que nos íamos cruzando…de todas as idades, e condições, parecia terem sido contratados como figurantes fugidos dos festejos da semana santa!
Entretanto era chegada a tal meia – hora, tão rapidamente que mal deu tempo para quando regressados à semovente por em dia algo de correspondência mais urgente de “mail” com a “pen” activada. Estavam chegados os nossos hospedeiros, e de carro seguimos ao centro de Portimão ao Carvi, nas ruas de peões, para um repasto bem animado sobre experiências de autocaravanistas, de que se notou entre outras uma boa dica de estacionamento para visitar Sevilha… para evitar furtos… que a Margarida e o Armindo com frequência lá vão. E lá se forma as favas com entrecosto, o bacalhau a Narcisa e umas horas de conversa amiga…
Regresso à semovente e passeio a pé agora para esmoer o almoço até ao Vau, e ao regressar, telefonema do Rui e da Berta para um lanchinho, ali, também em Portimão. E lá fomos ver a vista da Marina do alto da varanda do apartamento deste simpático casal para um bate papo sobre tudo e nada, no remanso de uma tarde serena.
Quando saímos e retomamos a semovente, por curiosidade foi-se até a marina de Portimão espreitaras autocaravanas alinhadas e compostas no estacionamento, e após a ponte velha da travessia do Arade, descemos para o porto de Ferragudo, e observamos mais autocaravanas em caótica dispersão pelas margens secas da foz. Mas... nada demais.
Entretanto entardecia constante e suavemente. Tempo de rumar ão Carvoeiro para um jantar no Rafaiol, em jantar de Pascoa de família e que correu bem e tranquilo. Posta as conversa em dia rumou-se cada uma ao seu destino e nós de semovente, voltamos a Portimão ao local de eleição da noite da véspera. Quase tudo cheio! E lá ficamos na lateral do estacionamento, onde de noite lá chegaram mais portugueses. Porem desta vez nada de passeatas pedestres…a TV dava um filme de paródia à Máfia americana com o Bill Crystal e o De Niro…uma crise de nervos a não perder. Noite calma, sem chuva e menos gaivotas gritantes.
6f, 2 de Abril,
Levantar às 8.30h. Mais sol e temperatura a condizer, vento matinal quase afugentado pela calmaria algarvia. Estores corridos para o pequeno-almoço, e depois pela 125 em velocidade de passeio (menos de 1500 rpm e menos de 90km/h) seguiu-se pela 125 até Loulé.
Já há anos que nãos e parava em Loulé. Nada difícil aliás. No parque de estacionamento do Eng. Duarte Pacheco, muito central, há lugar suficiente para os 7 metros da Autocaravana, e o preço pago, cerca de 50c dá para uma hora, o que permite ver:
- o mercado, recuperado e admirável
- o castelo
- a igreja de Nº Sra. da Conceição (recuperada)
O entorno.
Seguiu-se o debate do local de almoço? O peixe assado de Vale Caranguejo, à saída de Tavira? “Bora” lá… pois…estava à cunha… então, o Jerónimo ali ao lado em Cabanas… pois também estava a cunha… pois então o Monteiro… escolha acertada pelo soar do gongo das 13,15h, foi o tempo de pedir e ver o penar dos que chegaram depois com a cozinha entupida… pelos pedidos dos mais lestos… Tivemos sorte! E lá foram uma dose de excelentes conquilhas da Ria Formosa para os dois de entrada, e depois o polvo de coentrada, e as ferreiras autóctones… mais pão e manteiga, mais azeitonas, mais doce, e vinho, e águas…pois upa, upa, lá se foram justificadas, duas azulinhas e ainda uns maravedis…
De facto o ambiente também se paga para além da qualidade dos comes… e a esplanada exterior, o sol, a animação dos comensais e dos esfomeados tudo condizia com um dia de Algarve, tendo como pano de fundo o espanhol das conversações da maioria.
Bom….era tempo de rumar a Vila Real de Stº António, ao cais do Guadiana logo a seguir ao pontão de embarque para Ayamonte praticamente vazio de passageiros… Pois lá estavam mais de 120 autocaravanas, de todos os modelos, de todas as nacionalidades e quase que exemplarmente estacionadas, sem nada de exageros… sem atropelos da autoridade (estavam no domínio público marítimo) …. Mas pergunta-se: será legítimo em termos do interesse público a CM de Vila Real de Stº Antonio não negociar com autoridade marítima a instalação de um parque de autocaravanas…imaginem-se 120 autocaravanas pagarem por exemplo 5 euros por dia… e com direito a saneamento e abastecimento de água! Porque não? Os restaurantes e comércio local não tirariam contrapartidas?
Pois lá ficamos, já em segunda fila face ao Guadiana. E como nos foram buscar de carro fomos então até Monte Gordo até praia ver a neta e mais família, ate a friagem da tarde nos enxotar para regresso. Foi tempo de passeio pelas ruas de peões, e depois de umas cervejas e de mais um prato de conquilhas (excelentes) a título de jantar ligeiro, na Praça Marquês de Pombal com andorinhas contentes pela luz e pela temperatura. Comprado o Expresso, regresso a semovente para leituras e sossego calmo ali perto do fluir do Guadiana, ate o sono chegar.
Sábado, 3 de Abril.
Acordar pelas 7.20h sem ruídos de pássaros, nem de motores de automóveis, ou de barcos. Sol matinal vindo de Espanha a romper nuvens baixas acobertadas pela manhã, céu azul, vidros húmidos de orvalho de uma noite fluvial e fresca. Levantar lento, a materializar ser dia de regresso, sem pressas para a última etapa. De facto, domingo de Pascoa estava reservado para outra das componentes familiares quer ao almoço quer ao jantar, já em Lisboa e no Estoril.
Feita a limpeza de jornais e lixo, para depositar num dos caixotes ali mesmo, arrumos de saco de roupas, e mais aviamentos. Recortes de jornais, apontamentos no “Moleskine” para esta, e outras crónicas, apontamentos de notas de trabalho para 2f. Enfim… o levantar de tenda…e a partida para Castro Marim onde a área de autocaravanas estava à cunha…mas a deslocação justificava-se para o despejo da cassete. Depois…passar a ponte para ir a Espanha “contrabandear” gasóleo. A média feita, andados 880km, rondou menos que 10.5 L/100k.
Note-se que não há nenhuma falta de patriotismo em pagar gasóleo em Espanha a 1,020 quando por cá pagamos pelo mesmo produto 1,171 (preço Galp, cá ela no mesmo dia). É antes uma manifestação de protesto silencioso, uma revolta ao alcance do cidadão impotente, uma indignação pelo preços fiscalmente distorcidos por sucessivos governantes que pagam pelas empresas públicas (ou de capitais públicos) remunerações sem paralelo na história portuguesa, nem comparativamente aceitáveis face ao cotejo com dignitários estrangeiros…quanto ganha o presidente dos EUA, e do FED americano? E quanto ganha o presidente do Banco de Portugal? E da Galp? e da PT? Ora vejam o que diz um insuspeito dirigente político: António José Seguro (PS) considera valores pagos a António Mexia (EDP) ‘obscenos’. De facto agarnde questão esta em que a seleccção destes gestores de empresas é normalmente feita apenas de entre ex governantes, de dirigentes partidários, ou de sua estrita confiança...
Não há aqui demagogia, nem facilitismo ou concessões ao populismo, há sim desproporção com as reformas em permanente redução, com o aumento de impostos e da carga fiscal, enfim com os escândalos escondidos das compras do Estado. E justamente porque não há falta de patriotismo, o gasóleo foi adquirido à empresa portuguesa Galp, em Espanha, e por menos 15 c por litro, do que em Portugal…cerca de 30 escudos, do tempo da outra senhora, por depósito de 100 litros uma poupança efectiva de aproximadamente 3.000$00…ou seja de 15 euros… valor não negligenciável, por exemplo para pagar as entradas nos museus visitados nesta viagem… e ainda suficiente para pagar os estacionamentos, e mais umas cervejas….
Ora, regressados de Espanha e depois de uma curta paragem no supermercado Mercadona, para 3/4 mercas de pequeno valor de produtos de higiene para a autocaravana, seguimos rumo a norte, mas no desvio para a foz do Odeleite (o Oued, ou rio do leite) fomos até à margem do Guadiana, para passar pela bonita estrada que o entrevê, e em Guerreiros do Rio fomos visitar o Museu do Rio…2,50€ de entrada, cada, com direito a ver outros espaços museológicos em Alcoutim, desta vez a Igreja. Vale a pena? Vale, especialmente tendo em conta as indicações sobre a exposição de artes de pesca, e de miniaturas de embarcações do passado, expostas e explicadas no livro ilustrado “Navegando Rumo ao Sul “ de José Murta Pereira. A não perder.
Paragem seguinte em Alcoutim, depois da ponte. Compra de pão, beber café em terraço fronteiro ao cais do Guadiana, com vista para a espanhola e fronteiriça San Lucar do Guadiana, e visita a Feira dos Doces da Avó bem concorrida por estrangeiros logo pelas 11h da manhã. Compra inevitável do afamado folar de Olhão. Fotos a testemunhar o visto.
Continuou-se a peregrinação… e em Beja, consulta ao guia das Tascas. Porém, a primeira sugestão já não existia, um tal Esquina, na Rua Afonso Henriques. Por isso a escolha certa foi ao já conhecido, e também registado Pulo do Lobo, que tem como especialidade o prato Terra Mar (2 peças de camarão gigante, 4 nacos de carne, e salada com batata frita, por 15€ para dois) que com sobremesa, vinho, agua, pão azeitonas, e manteiga atingiu pouco menos de uma azul e cinza (25€).
Nada há a registar na sequência. Sempre pelas nacionais, passamos Vidigueira, Évora, Montemor, Vendas Novas, e cruzamos o Tejo em Vila Franca para finalmente chegar sem trânsito, a Alenquer, eram umas 17h da tarde, sem problemas, sem mais histórias, e com a vontade de mais dia, menos dia, voltar à estrada, ao nosso apartamento turístico itinerante, pois assim preferimos referirmo-nos à nossa semovente, ao invés de "casinha rolante"!
Questão de cultura, de mero gosto, ou de sensibilidade, naturalmente !